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Horários desregrados são desafio da função
Para DJs, obstáculos da profissão estão ligados à falta de rotina e à baixa qualificação
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ser o centro das atenções
em todas as festas e poder
levar multidões ao delírio são
alguns dos hits que conferem
glamour à carreira de DJ. Ao
mesmo tempo, escondem os
desafios de quem vira noite
após noite em baladas.
Uma dificuldade comum a
muitos disc-jóqueis é ter de
conciliar a atividade noturna
com os trabalhos diurnos.
"É bem difícil ter duas profissões. Faço de dez a 15 apresentações por mês em boates, clubes, coquetéis e desfiles", conta o DJ Marcio Vermelho, 30, também produtor
de conteúdo fotográfico.
O maior desafio, porém, é
lidar com a falta de rotina.
"Com o tempo, o DJ pode ter
danos à saúde, como perda
de audição e problemas com
o sono, por passar noites em
claro. Além de tudo, nós não
temos seguros", ressalta.
"Não tenho hora para dormir e para voltar pra casa",
comenta a DJ Ana Flavia.
"Minha família demorou para aceitar [a falta de rotina]."
A falta de horários fez com
que Marcos Morcerf, 53, desistisse da profissão, após
atuar como DJ por 12 anos.
"Eu não achava mais o trabalho interessante. A profissão leva a uma vida com horários muito desregrados."
QUALIFICAÇÃO
Hoje, acrescenta Morcerf,
há falta de DJs "com qualidade" no mercado. "O baixo nível cultural dos clubes e do
público foram outros fatores
que me desmotivaram."
"A tecnologia tem contribuído para o ingresso de pessoas sem qualificação na
área", concorda Vermelho.
Segundo ele, antes era
mais difícil entrar no mercado, pois era preciso comprar
vinis. Hoje, completa, a
maioria dos iniciantes usa
CDs e MP3 e o acesso à música é maior com a internet.
"Com a exigência do curso, caso a carreira seja
regulamentada, haverá uma
seleção que será positiva para os mais qualificados."
SEM RECONHECIMENTO
Nesse caso, outro obstáculo terá de ser superado: os
cursos na área não foram
aprovados pelo MEC (Ministério da Educação), devido à
indefinição da atividade.
Um deles é o da Universidade Anhembi Morumbi,
que oferece 60 vagas de
tecnologia em produção de
música eletrônica - DJ profissional, desde 2008.
"A quantidade de empregos formais ainda é pequena.
Os alunos conseguem retorno em apresentações, quando têm contatos, e vendendo
as produções na internet",
explicita o coordenador do
curso, Leonardo Vergueiro.
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