Advogados têm a pior avaliação dos entrevistados

MARIA CAROLINA NOMURA
DA REPORTAGEM LOCAL

A confiança que os profissionais despertam nas pessoas relaciona-se mais a fatores ambientais, como a criminalidade, do que à sua competência.
A conclusão é resultado de um estudo sobre confiança nas profissões no Brasil, obtida com exclusividade pela Folha.
Realizado no final de 2007 pelo instituto de pesquisa Market Analysis, o levantamento ouviu cerca de 800 adultos em oito capitais do país (Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Recife, Salvador e São Paulo).
No pódio das carreiras mais confiáveis (veja no quadro acima), o primeiro lugar ficou com os médicos (71,57%), seguido pelos policiais federais e pelos economistas.
Paloma Zimmer, 25, analista de pesquisa da Market Analysis, explica que a melhoria do sistema de saúde em alguns Estados e o atendimento de ponta para a classe mais favorecida são os fatores que ajudaram a eleger a classe médica como a mais confiável no país.
As ações da Polícia Federal divulgadas pela mídia e a estabilidade econômica são as razões para as escolhas seguintes.
Já o número de escândalos recentes envolvendo os advogados, como os profissionais que estavam ligados a facções criminosas, justificam a posição dessa categoria como a menos confiável entre as avaliadas no estudo, afirma Zimmer.
Em 2002, 48% dos entrevistados responderam que confiavam nos profissionais. Em 2007, o número caiu para 42%.
Para o presidente da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil), Luiz Flávio D'Urso, a má atitude de um só profissional respinga na reputação dos demais. "Nosso tribunal de ética julga os maus profissionais."
A baixa qualidade de graduações pode ser um dos focos do problema, segundo aponta Frederico Almeida, coordenador de prática jurídica da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas).
Há alguns dias, o Ministério da Educação cortou quase 7.000 vagas em cursos de direito, que terão de se readequar.


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