São Paulo, domingo, 29 de abril de 2007

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META EM RISCO

Só 9% das equipes têm metas claras

Falha na comunicação entre gestor e colaboradores é responsável pela falta de objetivos

ANDRESSA ROVANI
DA REPORTAGEM LOCAL

A maioria dos funcionários trabalha sem rumo certo. É o que aponta pesquisa feita pela consultoria FranklinCovey com mais de 200 mil profissionais de organizações de 38 países, incluindo do Brasil.
Pelo levantamento, apenas 9% das equipes de trabalho têm metas claras e mensuráveis -as demais estão à deriva.
"É um número grande de pessoas que poderiam estar produzindo mais para suas empresas", considera o presidente da consultoria, Paulo Kretly.
Para ele, a falta de direção "é um problema das corporações como um todo, e, no Brasil, isso não difere muito."
Parte da responsabilidade é do trabalhador -apenas 14% deles estão focados nas metas mais importantes.
A principal culpada, contudo, é a ausência de comunicação. Os reais objetivos da empresa e o papel do funcionário não são transmitidos com clareza.
Por isso tentar entender o que a companhia espera de cada um é parte do processo.
"O importante é negociar com o líder o que será considerado meta atingida ou superada", aponta a gerente de desenvolvimento organizacional da Novartis, Alessandra Ditt.
Definir expectativas, explica ela, "ajuda a saber como o desempenho será avaliado".
Na Novartis, os objetivos globais são definidos pela matriz suíça. Mas seu processo de comunicação é individualizado. Cada funcionário recebe metas mensuráveis, monitoradas periodicamente pela equipe.
A médica Gabriela Saraiva, 35, faz seu próprio controle, e diz se incomodar quando começa projetos e não os termina. Hoje ela avalia diariamente o que é preciso ser feito e, mensalmente, em que pontos necessita estar mais focada.
Como resultado, conta Saraiva, atingiu ou superou todas as metas do ano passado -e já completou algumas para 2007.
Ela nega, no entanto, que seu intuito seja o de superar os objetivos impostos pela empresa. "Procuro cumpri-los. É importante reavaliar sempre", diz.

Líderes
Para consultores ouvidos pela Folha, as empresas têm dificuldades em fazer suas metas ultrapassarem a barreira dos gestores, e são eles, segundo Paulo Kretly, que falham.
"A raiz do problema é que 70% da falta de execução de tarefas é uma questão de liderança. Existe uma falha dos líderes, que centralizam em vez de delegar", determina.
Roberto Davini, 41, passou pelo oposto dessa situação.
Há cinco anos, recém-contratado por uma agência de marketing para gerir uma equipe, Davini percebeu que seus subordinados tinham resistência a determinados processos.
Ele explica que o grupo sempre reagia de maneira pessimista, e, assim, criava barreiras às metas estipuladas.
"Mudei uma série de normas e mostrei a eles que era preciso acreditar", conta Davini, hoje diretor da Evolution Group.


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