São Paulo, domingo, 29 de abril de 2007

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META EM RISCO

Solução passa por objetivo conjunto

Profissional e firma têm de definir metas comple mentar es para obter resultad o esperado

DA REPORTAGEM LOCAL

Ainda que as metas da empresa estejam explícitas, há um fator determinante que pode impedir o funcionário de alcançá-las: seu desejo em atingi-las.
Para a professora da FIA (Fundação Instituto de Administração) Tânia Casado, especialista em comportamento organizacional, foi-se o tempo em que o trabalhador tinha como seus os objetivos da empresa.
"Se as metas não estiverem alinhadas às das pessoas, não serão atingidas", diz, acrescentando que os profissionais "estão percebendo que as antigas relações de trabalho não funcionam mais, estão mais cientes de seus objetivos pessoais".
Do ponto de vista comportamental, esclarece Casado, tem havido uma mudança brusca ultimamente. "As pessoas estão compreendendo -e sorte dessas- que precisam cuidar de seus interesses", considera.
Com isso, o jogo corporativo se inverte. "Em vez de a empresa dizer as metas que quer que sejam cumpridas, o empregador deve perguntar quais são as expectativas do funcionário e alinhar umas às outras", diz.
Há casos em que as duas expectativas caminham juntas.
No varejo, por exemplo, as regras são claras: é preciso vender mais para ganhar mais.
Nesse universo, Cristiane Samagaio, 34, freqüentemente atinge o dobro do resultado exigido pela Viamar, concessionária em que trabalha há 13 anos.
As metas mudam mensalmente, e o sucesso, destaca, está vinculado ao desempenho individual e ao do grupo. Mas, em geral, quem duplica os resultados do objetivo proposto recebe 20% do lucro do produto; quem só chega a ele, 5%.
"É uma preocupação, mas não "bitola" minha vida", diz. Ela reconhece, no entanto, que dia de folga é dia de trabalho: "Não meço esforços".

Causa própria
Segundo Casado, as discussões sobre o rumo da carreira competem cada vez mais ao funcionário. As metas pessoais, sinaliza ela, ultrapassam o âmbito corporativo. "Mesmo que o trabalhador esteja inserido nos planos da companhia, sua reflexão vai além dos paradigmas da organização", aponta.
É com um planejamento estratégico em mãos que Roseli Garcia, 45, gerente de negócios da Associação Comercial de São Paulo, guia as metas da equipe e de sua carreira.
"Reflito sobre minhas ações e faço um diagnóstico de desempenho", conta. E pondera: "Quando se sabe o objetivo a atingir, tudo funciona melhor".

Tipos
Estudo feito em 42 países pela professora Tânia Casado e por um grupo de pesquisadores mapeou estratégias profissionais para subir na carreira.
Foram identificados três grupos, delimitados pela relação entre o trabalhador e as metas que tem a cumprir: os organizacionalmente benéficos, os auto-indulgentes e os destrutivos.
"Nós [brasileiros] somos auto-indulgentes", define Casado. É nossa herança portuguesa, diz, o que confere esse perfil.


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