MARIA CAROLINA NOMURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O concurso exige nível médio completo, mas as filas de inscrição estão repletas de candidatos com ensino superior.
É o que acontece hoje no concurso para a seleção de escrevente técnico judiciário do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Metade dos profissionais inscritos conta com diploma de graduação, segundo estimativas de cursos preparatórios.
Pode parecer atípica, mas a situação é cada vez mais comum no mundo dos concursos. Em parte, esses candidatos são movidos pela idéia de que as exigências de menor titulação significam provas mais fáceis.
É o caso de Cecília Nascimento, 43. Graduada em ciências econômicas, atua como assistente técnica de RH na Prefeitura de São Paulo.
"Depois que passei nesse concurso, até tentei prestar outros que exigiam nível superior, mas não deu certo", explica.
Engana-se quem pensa que nível superior é passaporte de entrada garantida em concurso que exige ensino médio, alerta o coordenador acadêmico do Cespe/UnB (Centro de Seleção e de Promoção de Eventos, da Universidade de Brasília), Marcus Vinícius Soares.
Levantamento feito com base em quatro concursos organizados pela instituição mostra que 20% dos candidatos aprovados tinham ensino superior.
"Isso significa que a escolaridade é importante, mas não determinante."

Escalada
Já Cecília Cordeiro, 47, não deixou de lado apenas um certificado de graduação para concorrer a um cargo que exigia ensino médio.
Graduada em comunicação social e cursando o último ano de letras, prestou, em 1988, concurso para a Prefeitura de São Paulo. Foi aprovada.
Ela conta que o emprego deveria ser algo provisório, até conseguir um outro trabalho.
A experiência a fez mudar de idéia. "Eu me descobri na área de RH. Hoje sou diretora da divisão de ingresso e controle de quadros da prefeitura", afirma.


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