São Paulo, domingo, 29 de agosto de 2004

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Exame da Ordem dissemina cursinhos

FREE-LANCE PARA A FOLHA

O alto índice de reprovação no exame da OAB provocou o nascimento de um mercado rentável em cima dos exames. A exemplo do que acontece com os cursinhos pré-vestibulares, que foram ganhando mais e mais espaço à medida que o teste se tornou mais concorrido, existem cursinhos pré-OAB de diferentes níveis, durações e preços.
Numa tarde de sexta-feira, a Folha esteve em um cursinho paulistano para entrevistar alguns dos seus estudantes.
Preocupado com a grande quantidade de reprovados, o bacharel em direito Alison Palermo, 23, resolveu fazer um cursinho pela segunda vez. O detalhe é que ele nunca prestou o exame.
"Fiz [o cursinho] quando estava no quinto ano e agora estou fazendo de novo. É para me sentir mais seguro", conta.
Segundo os próprios candidatos, a insegurança pesa bastante, principalmente quando se presta o exame várias vezes seguidas até conseguir a aprovação.

Seis vezes
"Estou indo para a sexta tentativa e tenho de passar agora", contabiliza Beatriz Florenzano, 25. Ela conta que concluiu a faculdade em 2001, mas até agora não pôde exercer a profissão.
"Eu já pensei em desistir, mas penso nos anos todos que passei estudando", diz ela, que ainda tem dúvida se quer atuar na área.
Para Mário Ribeiro, 25, que vai para a terceira avaliação, é péssimo conseguir passar pela primeira fase do exame da Ordem (formada por questões de múltipla escolha), ser reprovado na segunda (composta por questões dissertativas) e, quando for prestar de novo, ter de retornar à primeira fase.

Regulamento
De acordo com Ivette Ferreira, da OAB-SP, isso acontece porque cada edição do exame tem um regulamento específico, em que mudam alguns critérios e também os avaliadores.
"Embora haja exames diferentes nos Estados, todos têm critérios parecidos e todos seguem os mesmos princípios: têm um edital, são constituídos por duas fases, e a correção é anônima, entre outros", explica Ferreira.
Nas outras carreiras que aplicam avaliações, o mercado de cursinhos ainda não aflorou, mas já há notícia de aulas preparatórias acontecendo dentro das próprias faculdades, voltadas para a turma dos formandos.
"Uma faculdade séria não precisa disso, o ensino dos anos de graduação já devem ser suficientes", afirma o presidente do Conselho Federal de Contabilidade, José Martônio Alves Coelho.


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