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São Paulo, domingo, 30 de março de 2003

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SELEÇÃO POR COMPETÊNCIAS

Nova "filtragem" cobra mais do que técnica

RENATO ESSENFELDER
EDITOR-ASSISTENTE DE EMPREGOS E NEGÓCIOS

Que é importante ter um bom currículo, recheado com as melhores faculdades e cursos, aliado a virtudes pessoais, como liderança e flexibilidade, a maioria dos candidatos a emprego já sabe.
A diferença que um novo método de recursos humanos está adotando é justamente na hora de mensurar essas capacidades. A chamada seleção por competências, nova "onda" do RH nacional, persegue o mérito de trazer métodos objetivos para medir de fato quem é líder, quem é ousado, quem é criativo e quem é flexível entre centenas de candidatos.
Trocando em miúdos, esse tipo de seleção avalia, por meio de testes psicológicos, questionários, entrevistas pessoais e dinâmicas de grupo, características invisíveis do profissional -aquelas que não aparecem no currículo e que, muitas vezes, nem a própria pessoa sabe que possui.
"O método compara o indivíduo a um iceberg. O conhecimento dele é a ponta visível, as habilidades aparecem no nível intermediário, e as motivações ficam lá embaixo. São aspectos que se formam na infância, como o caráter e o comportamento", conta a supervisora de recursos humanos da Unimed, Rosana Baloti.

Perfil ideal
Na prática, funciona assim: quando um cargo fica vago na empresa, consultores identificam o perfil ideal de pessoa para ocupar aquele posto. Definem, portanto, se o profissional deve ser sociável, criativo, líder nato, carismático, flexível, "mandão", resistente a pressões ou outras coisas.
Estabelecida a meta, o RH elabora testes específicos para medir tais competências e passa a procurá-las nos candidatos à vaga.
"É a nova tendência dos processos de recrutamento e seleção", constata a consultora Carla Fabiana dos Santos, do Grupo Catho.
"Antes, se o profissional fosse competente tecnicamente, já possuía os requisitos necessários para encontrar um bom emprego. No mercado de trabalho de hoje, profissionais de todos os níveis têm sido demitidos porque não possuem comportamento que se ajuste à empresa", completa.
A gerente regional da consultoria Adecco, Adriana Andrade, lembra ainda que não é só a seleção que está sendo feita com base em competências. O recurso está sendo também usado "para checar se os funcionários estão aptos para promoção, aumento salarial e remanejamento de cargo".
Para quem pensa que esse é só mais um modismo de RH, o presidente da Manager, Ricardo de Almeida Xavier, contrapõe: "Nem toda moda é modismo. A percepção de que as competências contam muito surgiu nos últimos tempos, quando as empresas passaram a enfrentar novos desafios, e deverá ser incorporada". Ou seja, "veio para ficar".


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