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Operação tapa-buraco

No verão, sobem as apostas no investimento mais incerto: os tratamentos anticelulite, que até podem dar algum resultado, mas não eliminam essa característica feminina

Fotos Marisa Cauduro/Folhapress
Em unidade da rede Buddha Spa, em São Paulo,modelo recebe drenagem linfática manual, técnica de massagem que reduz inchaço
Em unidade da rede Buddha Spa, em São Paulo,modelo recebe drenagem linfática manual, técnica de massagem que reduz inchaço

ANNETTE SCHWARTSMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Cresce a oferta de armas contra celulite nos sites de compras coletivas. E a frustração da mulherada aumenta na mesma proporção.

Se nem os tratamentos médicos mais sofisticados alcançam grandes resultados nessa área, o que esperar de um pacote com cinco sessões de drenagem linfática, cinco de massagem modeladora e outras cinco de ultrassom pela bagatela de R$ 83?

A pechincha, encontrada no site Peixe Urbano, é só uma entre centenas de promoções tentadoras na rede.

A variedade de terapias anticelulite já revela a ineficácia da maioria. Se houvesse uma 100% garantida, seria a única.

"Medicina estética é uma das áreas que mais crescem, o que atrai grupos vendendo tratamentos sem comprovação científica", diz o clínico geral Pedro Pinheiro.

"Não há, até o momento, tecnologia que corrija alterações estruturais do tecido adiposo feminino e da derme profunda", afirma Pinheiro.

A dermatologista Adriana Vilarinho é mais otimista. "Não há técnicas definitivas, mas elas estão mais eficientes e podem melhorar a celulite em até 60%."

Para Pinheiro, a melhora é parcial, temporária e consome muito dinheiro e tempo.

O sucesso dos tratamentos não é a única divergência entre os profissionais da área. Outra questão é se celulite é ou não doença. "Considero a celulite uma característica feminina, presente em praticamente todas as mulheres que passaram da puberdade. Não tem qualquer implicação para a saúde", diz a dermatologista Lucia Mandel.

"Celulite não é doença, mas uma alteração normal do tecido subcutâneo feminino que, por imposição da sociedade, tornou-se um incômodo estético", diz Pinheiro.

Já a nutricionista Flávia Moraes afirma que é, sim, uma doença multifatorial.

PARTES SENSUAIS

O chato é que a celulite se instala nas partes mais sensuais do corpo: bumbum, pernas e abdômen.

Crônica e benigna, a afecção é também democrática: segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, acomete 62% das brasileiras, sem distinção de raça, credo, classe social ou fama.

É, a celulite coloca no mesmo saco você e Juliana Paes, Grazi Massafera, Maria Fernanda Cândido, Marcelle Bittar, Ellen Rocche e Fernanda Souza, entre outras celebridades que já assumiram padecer desse mal.

Uma das causas do fenômeno está relacionada ao estrogênio, hormônio responsável pelo comportamento feminino e pela anatomia, o que inclui lábios carnudos, pele macia e curvas.

Quer dizer: mulheres com alto nível de estrogênio são mais desejadas pelos homens e, ironicamente, mais propensas a desenvolver esse "efeito colateral".

Enquanto a medicina não descobre a cura definitiva dessa suposta doença, as mulheres continuam sucumbindo às falsas promessas.

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