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'Perto do MMA, o boxe é um balé', compara Éder Jofre

DE SÃO PAULO

A febre do MMA dá dinheiro, muito dinheiro. A marca UFC (Ultimate Fight Championship), que organiza campeonatos internacionais, vale mais de U$ 1 bilhão. O torneio feito no Rio, em 2011, movimentou R$ 50 milhões.

Alguns dos novos investidores do clube da luta estão interessados no público mais família, que pode se chocar com violência demais.

Por isso, os envolvidos repisam que, agora, com regras, comissão técnica, juízes e profissionalização, o esporte ganhou dignidade e controle da agressividade.

Mas, mesmo regrado, o MMA não convence gente como Éder Jofre, por exemplo. "Acho essa luta um assassinato. Não posso conceber o cara estar no chão e o outro vir dando joelhada", diz o bicampeão mundial de boxe, hoje com 75 anos.

VER SANGUE

No MMA são usadas regras de diferentes modalidades, misturadas. Pode dar soco, como no boxe, mas também pode bater da cintura para baixo; pode estrangular, como no jiu-jítsu, mas também dar cotoveladas em pé, como no muay thai. "Criticavam o boxe porque era violento, mas, perto do MMA, é balé", diz Jofre.

Entre os fãs da prática, a relação entre agressividade e autocontrole é ambígua. "MMA faz sucesso porque tem bastante violência, as pessoas gostam disso", diz o consultor de vendas Murillo Vallim, 24. Ele conta que começou a treinar para extravazar um pouco da sua raiva.

O estudante Paulo Sanchez, 16, é mais direto. Fez judô na infância, mas prefere o MMA porque tem mais 'pegada'. "Gosto de bater mesmo, quero ver sangue."

Esse tipo de atitude preocupa o professor de artes marciais Jeremias Alves Silva. "Hoje tem mercado e qualquer um já quer abrir academia de MMA. A pessoa não é formada numa arte marcial, não consegue dar uma formação correta ao aluno."

O padeiro e estudante de educação física Bruno Vieira, 23, quer se profissionalizar. "O lutador entra no octógono para mostrar superioridade técnica, não para destruir o adversário. Mas a luta pode machucar bastante."

O professor Fernando Rocha, da Versus Fight, em São Paulo, diz que o risco de lesão é baixo na academia, porque o treino é feito com material de segurança, protetores acolchoados. "Os alunos se machucam mais no futebol do que na aula de MMA."

Não há dados de comparação. Para Jeremias, a luta traz o mesmo risco de um esporte de alta intensidade, com um adicional: "Tem porrada e machuca".

(IARA BIDERMAN)

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