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'O Facebook é uma brincadeira, a morte é algo mais profundo'

"Eu estava na casa de meu pai, esperando chegar o serviço funerário, na noite em que ele morreu. Por volta das onze horas, uma das minhas duas filhas postou no Facebook que o avô dela tinha morrido.

Minha outra filha disse para ela tirar, argumentou que antes era melhor conversar comigo a respeito.

Fiquei muito em dúvida sobre isso, se ela deveria ou não comunicar a morte na rede. Ficamos discutindo o assunto: eu, meu marido, minhas filhas e meus genros.

Eu penso que a morte é uma experiência mais profunda, enquanto no Facebook as pessoas em geral colocam informações mais superficiais, mais leves. Para mim, a rede social virtual parece mais uma brincadeira.

E tem mais: você nunca sabe para onde estão indo as mensagens que você publica, é como um rastilho de pólvora. Realmente, fiquei muito em dúvida se era o caso de anunciar a morte do meu pai na internet.

Daí minhas filhas me disseram que minha irmã, de sua casa, já tinha postado a notícia. Então foi.

Como a coisa já estava lá, resolvi também postar. Coloquei no meu mural as fotos do aniversário de 80 anos do meu pai, que tinha acontecido poucos dias antes de ele morrer. Coloquei também o texto do obituário que saiu no jornal. Recebi 58 mensagens, o que acabou sendo proveitoso para mim."

Egle Gatta, 51, psicóloga

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