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coluna social
O povo da floresta invade e agita São Paulo
ELKA ANDRELLO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Índios de todas as idades, caboclos,
seringueiros e ribeirinhos estão fazendo a festa no Sesc Pompéia. Essa
turma toda veio da Amazônia para apresentar idéias, reivindicações e soluções
encontradas pelos moradores da maior
floresta do mundo. Exposições de fotografia, moda, design e mostras de cinema e literatura, além de shows, culinária,
oficinas, conferências e a presença de seis
etnias indígenas, mostram o que a Amazônia tem de melhor no megaevento
Amazônia BR, organizado por Eugênio
Scannavino, médico infectologista da
ONG Saúde e Alegria.
Para desbravar esse mundo, a Coluna
Social convidou algumas das personalidades que colaboraram na criação e curadoria do evento para um tour: Gringo
Cardia, Fernando e Humberto Campana,
Alexandre Herchcovitch, Araquém Alcantara e o próprio Scannavino.
Logo na entrada, o visitante dá de cara
com um cenário com rios, floresta de gravetos, animais e uma réplica de uma oca
indígena, tudo criado por Gringo Cardia.
As cidades mais importantes foram representadas por artistas plásticos locais, e
os principais rios e afluentes estão dispostos respeitando a geografia. "A água
da Amazônia é muito contaminada por
dejetos de esgotos das cidades; as pessoas
bebem água direto do rio, o que resulta
em epidemia de diarréia e numa mortalidade infantil enorme", diz Scannavino.
Conhecido por clicar a natureza, Araquém Alcantara foi convidado para ilustrar o evento com suas fotos. "Divulgo
um país que poucos conhecem; a imagem é transformadora, e eu seduzo as
pessoas ao mostrar as belezas do Brasil
para que elas amem o país."
Moda e design também estão bem representados. Os irmãos Campana apresentam o resultado de uma oficina de
apenas três dias que aconteceu na Amazônia no final do primeiro semestre e explorou um material ecologicamente correto, feito de casca de coco -antigamente queimada como lixo- e látex. "A gente evita usar madeira, mesmo que seja
certificada. Cortar uma árvore dá pena, e
tem muito material que poderia ser aproveitado e acaba virando lixo", diz Fernando Campana. Para quem não sabe, 90%
da madeira usada no Brasil é predatória,
e o maior comprador, o Estado de São
Paulo, consome sozinho duas vezes mais
madeira tropical que a Europa.
O estilista Alexandre Herchcovitch já
trabalha com látex natural há nove anos e
foi o responsável pela curadoria de moda
do evento. "Acredito ter contribuído para que as pessoas conheçam o potencial
que a Amazônia tem como produtor de
matérias-primas naturais e de peças confeccionadas", diz Herchcovitch.
Os visitantes também podem conferir a
biblioteca com livros raros, relaxar nas
redes do barracão e provar uma das delícias do Bar Café Amazônia BR, como
bomba com creme de cupuaçu.
Exposição Amazônia BR: Sesc Pompéia (rua Clélia, 93, Pompéia, tel. 0/xx/11/3871-7700), terças a sábados, das 9h às 20h30; domingos, das 9h às 19h30; até 18/8; entrada gratuita.
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