São Paulo, quinta-feira, 01 de agosto de 2002 |
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outras idéias wagner canalonga Nas ondas do tao
Se você ainda não experimentou uma sessão de acupuntura, pelo menos já ouviu falar de alguém que se submeteu ao tratamento com as agulhas e melhorou. Se nunca fez uma aula de tai-chi-chuan, certamente já viu alguém praticando seus movimentos lentos e graciosos em algum parque da cidade. Mesmo não sabendo direito o que é feng shui (pronuncia-se "fon suei"), tem visto nas livrarias e nas bancas de revistas um vasto material sobre o assunto, ensinando a arte de harmonizar os ambientes. Se desconhece o que é I-Ching, ainda assim já ouviu falar em yin e yang ou ficou curioso sobre os símbolos enigmáticos na bandeira da Coréia, durante a Copa do Mundo. E mesmo se não saiba quem foi Sun Tzu, agradeça-o pelo nosso penta. Afinal, seus ensinamentos sobre a arte da guerra foram muito bem aplicados pelo vitorioso Felipão. Cada vez mais presentes em nossas vidas, essas várias artes da sabedoria chinesa têm cativado um número crescente de adeptos e praticantes em todo o país. Atraídas pela idéia de restaurar a saúde do corpo, da mente, dos ambientes e das relações, muitas pessoas têm reaprendido, por meio dessas técnicas, a importância de cultivar o equilíbrio e a harmonia nas várias áreas de suas vidas. Dessa forma, entram em contato com a essência comum desses ensinamentos milenares, praticados e desenvolvidos por inúmeros mestres ao longo do tempo: o taoísmo. E como buscar o equilíbrio? Nenhum segredo: afastando-se dos extremos do excesso e da deficiência. Comer muito pouco enfraquece; comer demais engorda. Muita atividade, sem descanso, desgasta rápido. Muito descanso, com pouca atividade, causa estagnações e também adoece. Pensar pouco emburrece; pensar demais enlouquece! Óbvio, mas sábio. O equilíbrio, para o taoísmo, não é uma condição estática e permanente. É um processo dinâmico de adaptação às constantes mudanças do mundo, das pessoas e de nós mesmos. Se o dia tem momentos mais claros e quentes, propícios à nossa atividade, também a nossa vida tem épocas de maior criatividade e exuberância. Por outro lado, da mesma forma que a noite convida-nos ao recolhimento, também na vida existem momentos de maior escassez e desgaste que pedem pausa, repouso e introspecção. Agindo no momento de agir, parando no momento de parar, o movimento torna-se constante e duradouro. Fazer o contrário provoca desgaste, trazendo pouco ou nenhum resultado. Seguir os movimentos cíclicos das transformações e fluir de acordo com a maré: eis a grande sabedoria dos mestres taoístas para surfar nas praias da vida. Assim se vai mais longe, com menos desgaste e ainda curtindo o prazer de pegar a crista da onda. Parece fácil na teoria, mas praticar tudo isso é um grande exercício de consciência e perseverança. Entretanto, assim como o exercício físico fortalece o corpo de uma pessoa, é justamente o exercício dessas virtudes que pode fortalecer o espírito e iluminar a mente. WAGNER CANALONGA é acupunturista e regente da Sociedade Taoísta do Brasil; e-mail: sociedadetaoista@yahoo.com.br Texto Anterior: Homens investem no visual para alavancar carreira Índice |
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