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Os portadores da doença, caracterizada por lesões róseas na pele, convivem com o preconceito dos que pensam que ela é contagiosa
Psoríase atinge 4 milhões de pessoas no Brasil
VINICIUS CARRASCO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Quando o analista de crédito Fabiano Baer, 24, portador de psoríase, estende a mão para pagar uma passagem de ônibus, por exemplo, não raro se depara com o olhar desconfiado do cobrador. "As pessoas ficam com
receio de pegar a doença. Sinto que agem com preconceito", diz. Baer é um
dos aproximadamente 4 milhões de brasileiros que, segundo a Associação
Nacional dos Portadores de Psoríase (Psorisul), são portadores da doença.
A psoríase, porém, não é contagiosa.
"Além disso, muitos a confundem com
alergias, lepra, manifestações da Aids ou
outras doenças", diz a presidente da Psorisul, Gladis Lima. "A discriminação existe por falta de informação", completa Luci Helena Grassi, presidente da APVPESP
(Associação dos Portadores de Vitiligo e
Psoríase do Estado de São Paulo).
Doença inflamatória crônica, a psoríase é caracterizada por lesões róseas ou
avermelhadas na pele que, geralmente,
possuem bordas externas delimitadas ou
um halo esbranquiçado, explica o dermatologista Cid Yazigi Sabbag, diretor
do CBP (Centro Brasileiro de Psoríase).
Segundo o médico, ocorre também o
aparecimento de escamas secas e espessas, de aparência e dimensão variáveis
-podem ser parecidas com gotas (psoríase gutata), vermelhas, elevadas e inflamadas (psoríase numular ou em placas)
ou atingir o couro cabeludo e as unhas (psoríase ungueal). A doença também pode causar uma vermelhidão generalizada pelo corpo, com escamações mais finas (psoríase eritrodérmica). "É mais comum que a doença se manifeste em regiões de extensão, flexão e dobras, como cotovelos e joelhos", explica Sabbag.
Jesus Rodrigues Santamaria, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, diz que
"a manifestação da psoríase se dá pela hiperproliferação das células da epiderme, e é isso que causa as lesões". As causas da
doença ainda são desconhecidas, mas a literatura médica indica que ela pode estar associada a fatores hereditários.
"Cerca de 30% dos portadores relatam casos na família", diz a dermatologista
Sandra Tajtelbaum. É o que acontece com a professora Araçari de Paula Rodrigues Monteiro, 42. "Minha avó tinha no corpo todo", diz. Ela e a filha de 14 anos
são portadoras de psoríase.
Além da predisposição genética, acredita-se haver relação da doença com infecções, uso de medicamentos, situações de estresse e traumas emocionais. "Organicamente, tensões subjetivas funcionam como uma bombinha que pode desencadear a psoríase", diz a neuropsiquiatra
Elisabete Della Rosa Pimentel.
"Quando investigamos meu passado, vi que problemas no relacionamento, o
desemprego do meu pai e o estresse no trabalho acabaram influenciando o desenvolvimento da doença", afirma Baer.
Para Pimentel, quando o paciente reconhece a situação emocional que está ligada ao aparecimento dos sintomas, ele já
está a um passo do controle da doença,
reduzindo suas manifestações.
"Embora a psoríase não tenha cura, é
perfeitamente possível controlá-la", afirma Sabbag. "Quando estamos bem, as lesões diminuem", confirma Monteiro,
que procura transmitir esse pensamento
à filha que, segundo ela, também convive
de maneira tranquila com a doença.
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