São Paulo, quinta-feira, 05 de fevereiro de 2009
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

[+]Corrida

Rodolfo Lucena

Reduza seus riscos


[...] Estou cansado de ver gente dando a maior chance para o azar, desrespeitando regras de segurança

As imagens de Marcelo Fromer no filme sobre a história da banda Titãs reavivam a consciência dos riscos que pairam sobre os corredores de rua. O guitarrista morreu em 2001, aos 39 anos, depois de ter sido atropelado enquanto fazia seu treino em São Paulo.
De cara, já digo que a responsabilidade é do motorista. Esteja ele dirigindo moto, carro, ônibus ou caminhão, tem nas suas mãos uma arma mortal e precisa estar sempre atento. Mas isso não significa que os corredores devemos abrir mão de cuidados básicos e imprescindíveis, que podem ser a diferença entre a vida e a morte.
Estou cansado de ver, nas ruas, gente dando a maior chance para o azar, desrespeitando as mais elementares regras de segurança.
A primeira delas é manter o espírito sempre alerta. Por isso, por mais que adore música, não use iPod ou qualquer outro toca-MP3 enquanto atravessa ruas e avenidas. Não adianta dizer que você deixa só um fone no ouvido, porque isso indica, no mínimo, divisão de atenção.
No caso dos motoristas, é proibido dirigir e falar ao celular. As situações são semelhantes, e o risco que você corre é bem maior do que uma amassadinha no para-choques.
Outra regra elementar é correr na contramão. Assim você tem mais chances de controlar os "adversários" e pode até antecipar erros de algum motorista menos atento. Ao cruzar transversais, redobre a atenção: o sujeito no carro não está esperando alguém no contrafluxo. Em alguns casos, eu prefiro até entrar na transversal e cruzar mais adiante, mais à vista dos motoristas. E respeite os sinais de trânsito.
O terceiro mandamento é usar roupas claras, coloridas, chamativas. Você é um corpo estranho nesse mundo de aço, plástico e borracha. Precisa se destacar, ser visto e notado pelos motoristas.
Todos esses cuidados devem ser redobrados se você gosta de correr à noite -tenho notado o que parece ser um aumento do número de pessoas treinando em horários tardios.
Compre um colete com faixas reflexivas, semelhante ao usado por garis. Não custa caro e é leve, não atrapalha em nada os movimentos. Se o trajeto for mais escuro, examine a possibilidade de usar uma lanterna de cabeça -é um pouco incômoda, mas as vantagens compensam o desconforto.
Não deixe de levar um cartão com seu nome e telefone. E corra feliz, mas sem perder a consciência de que, por mais endorfina que os quilômetros acionem em nosso cérebro, o mundo não é um mar de rosas.


RODOLFO LUCENA , 51, é editor de Informática da Folha , ultramaratonista e autor de "Maratonando, Desafios e Descobertas nos Cinco Continentes" (ed. Record)

rodolfolucena.folha@uol.com.br

www.folha.com.br/rodolfolucena



Texto Anterior: Livro, caderno, lápis e insulina
Próximo Texto: Dia-a-dia / Em casa: Pátina é técnica simples para reformar móveis antigos, mas pede paciência
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.