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Academia Contours Express

O mundo do fitness gera mais uma tendência: as academias da "luluzinha". São espaços exclusivos para mulheres, com equipamentos desenvolvidos especialmente para elas, onde até os profissionais são do sexo feminino. O setor parece estar crescendo rapidamente e já tem suas vedetes. Com mais de 8.000 unidades espalhadas por 17 países do planeta, a academia só para mulheres Curves, segundo a revista americana "Entrepreneur", é a franquia que mais cresce no mundo -existe uma para cada dois McDonald's nos Estados Unidos. No Brasil, já são quatro funcionando, duas em São Paulo e duas no Rio, e há mais uma prometida ainda para este mês em Fortaleza.
O sucesso consiste em aliar a redução da "jornada" de horas dentro da academia ao ambiente feminino. Em apenas 30 minutos de aula (três vezes por semana), a base do programa da Curves, desenvolvido pelo americano especialista em nutrição e saúde Gary Heavin no início dos anos 90, consiste em intercalar 30 segundos de exercícios aeróbicos -como pular e fazer atividades com um bambolê- com o mesmo período de musculação.
Assim como a Curves, a também franquia multinacional Contours Express divide seus 30 minutos de aula em um circuito parecido, só que, cada série, seja aeróbica ou não, dura 50 segundos. Em ambos os casos, a intensidade dos exercícios é determinada pela freqüência dos batimentos cardíacos da praticante.
Uma mulher de 30 anos, por exemplo, que queira perder peso, deve se exercitar com 20 batimentos cardíacos a cada dez segundos. Se, após sete minutos e meio da combinação de aparelhos, a freqüência estiver mais alta, ela relaxa em uma plataforma, reduzindo o batimento. Assim também vale para o oposto: em vez de relaxar na plataforma com exercícios suaves, a praticante passa mais 30 segundos pulando ou brincando com bambolê, "assim ela aumenta sua freqüência cardíaca", explica Silva Mankel, proprietária de uma das Curves de São Paulo. Essa adaptação foi feita também nos aparelhos de ginástica em ambas as franquias. Contudo, em vez de pesos, a Curves trabalha com o sistema hidráulico. "Equipamentos com resistência hidráulica existem há mais de 30 anos. Aperfeiçoamos e modificamos os aparelhos para atender o tamanho e as necessidades das mulheres", disse em entrevista à Folha o criador da Curves, Gary Heavin.

Cliente cativa
"Nosso público são mulheres acima de 30 anos que não dispõem de mais de uma hora para se exercitarem em uma academia comum", afirma Cassiano Ximenes, proprietário da Contours de Fortaleza, no Ceará. Antes das franquias internacionais invadirem o país, já existia em Belo Horizonte uma academia exclusiva para mulheres. "Quando abri, buscava um diferencial para me sobressair em um mercado tão competitivo. Resolvi direcionar minha academia ao público feminino. Deu certo", afirma Rachel Voietta de Rezende, proprietária da RR Fitness - Centro Feminino de Fitness, Ginástica e Musculação, aberta em 2000. O valor das mensalidades das academias especializadas em mulheres não muda em relação ao das academias tradicionais: varia de R$ 49 a R$ 109. "Queria uma academia para resolver meus problemas -enrijecimento muscular e perda de medidas-, e não para ver desfile de corpos "sarados", como acontece nas academias comuns", explica a vendedora de roupas Magda Leila Malki, 35, praticante da Curves há dois meses. "Já perdi três quilos", alegra-se Malki. "Nas academias normais, sempre tem algum homem olhando, reparando em você. Sem contar no exibicionismo. Aqui [na Contours Express], como são apenas 30 minutos de aula, nem dá tempo para fofocar", conta a proprietária de bufê infantil Débora Gomes, 31, que agora se sente à vontade, assim como sua mãe, de 60 anos, a usar roupas largas sem precisar se preocupar com comentários alheios. Além disso, para ela, os detalhes como secador de cabelos no banheiro, toalhas impecavelmente limpas e decoração primorosa são ingredientes fundamentais para conquistar o público feminino.

Estratégia de mercado
Sistemas como esse, segundo o fisiologista do exercício Álvaro Reischak de Oliveira, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, existem "há séculos". "Eles pegam uma coisa velha, dão uma roupagem nova e um nome fashion e vendem como novidade." Entretanto, para ele, qualquer método que tire as mulheres do sedentarismo é válido. "As mulheres, quando não alcançam seu objetivo rapidamente, cansam-se muito fácil. A idéia dessas academias é mantê-las ali -e isso é bom", afirma.
"A diferença é apenas uma: o objetivo a ser alcançado. Normalmente, uma mulher não quer ficar igual ao Rambo, então ela não vai trabalhar tanto os músculos como alguém que queira ficar "marombado'", completa o fisiologista.
Assim como a falta de exercícios pode ser prejudicial, mulheres que "pegam pesado" na academia podem desenvolver de distúrbios hormonais a osteoporose.
Mesmo que a mulher queira competir em algum campeonato de fisiculturismo, a intensidade de seus exercícios deve ser 10% menor que a do homem. E a fisiologia do organismo feminino explica o motivo: "A mulher possui menos glóbulos vermelhos do que os homens. Isso significa que ela terá 10% menos de oxigênio circulando pelo corpo", explica o especialista em medicina esportiva Turíbio Leite de Barros Neto, do Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte (Cemaf), da Unifesp (Universidade de São Paulo).