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Amendoim tem proteína e antioxidante
RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Cultivado há 5.000
anos no Peru, onde
era tão valorizado que
costumava ser enterrado junto aos mortos para servir-lhes de alimento durante a
jornada rumo à outra vida, o
amendoim se espalhou pelo
mundo e está presente em
maior ou em menor grau na
dieta de diversos povos.
Na China, é utilizado na receita conhecida pelos brasileiros como frango xadrez; na Tailândia, entra no tempero do
"pad thai" (macarrão de arroz);
na Malásia, vira um molho adocicado que acompanha espetos.
Sua trajetória é curiosa. Levado do Brasil pelos portugueses, fez escala na África antes
de aportar na América do Norte. "Os americanos costumavam dizer até que ele era originário da África, porque chegou
de lá com os escravos", afirma
Ricardo Maranhão, professor
de história da gastronomia da
Universidade Anhembi Morumbi.
Por aqui, de acordo com o
folclorista Luís da Câmara Cascudo (1898-1986), em sua "História da Alimentação no Brasil", essa leguminosa já era cultivada pelos povos indígenas
que habitavam o país na época
do Descobrimento, junto a
poucos alimentos, como a batata e a mandioca.
Hoje, é ingrediente-chave de
guloseimas como a paçoca, o
cajuzinho e o pé-de-moleque,
mas também confere um sabor
peculiar a bolos, pavês, balas,
bombons, batidas e cremes.
"No Brasil, ficou muito reservado para a doçaria. Na Bahia é
que pegou mais, por causa dos
africanos. O vatapá é o único
prato salgado importante",
afirma Maranhão.
Seu óleo já foi um fenômeno
comercial em fins do século 19
e é base, ainda hoje, da popularíssima manteiga de amendoim, uma pasta muito consumida pelos norte-americanos
em sanduíches.
Com um ponto de queima
elevado e alta produtividade, só
perdeu status na década de 60,
quando se descobriu que pode
ser nocivo à saúde. Na Ásia, no
entanto, continua a ser muito
empregado.
Embora sua aparência remeta à família das castanhas, e seu
nome, em alguns idiomas, também propicie essa associação
(em inglês, "groundnut" significa noz do solo), o amendoim é
uma leguminosa do mesmo
grupo da ervilha e do feijão,
com características peculiares.
O fruto, uma vagem cor de palha, se desenvolve debaixo da
terra. Dentro dele crescem de
duas a quatro sementes, amareladas e cobertas por uma pele
marrom-avermelhada, que podem ser consumidas cruas ou
tostadas.
Em termos nutricionais, trata-se de um alimento calórico,
porém benéfico. Pesquisas realizadas na Universidade da Flórida (Estados Unidos) no ano
passado mostraram que o
amendoim é rico em proteínas
e em gordura monoinsaturada,
antioxidante que diminui o risco de desenvolvimento de
doenças cardiovasculares.
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