São Paulo, quinta-feira, 06 de dezembro de 2001
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drible a neura

Olheiras são herança que têm tratamento

KARINA KLINGER - DA REPORTAGEM LOCAL

"A noitada deve ter sido boa, hein!" "Nossa, você está com uma cara cansada!" "O que houve? Não dormiu à noite?" Comentários desse tipo são ouvidos com certa regularidade pelos portadores de hipercromia cutânea idiopática da região orbital -as populares olheiras. Se deparar-se todo dia no espelho com manchas arroxeadas no rosto costuma ser desagradável, escutar os comentários alheios chega a ser, para alguns, insuportável.
"Na hora de procurar emprego é uma barra, as pessoas sempre acham que a pessoa tem olheiras porque usa droga ou bebe. Elas acabam com a imagem", reclama o promotor de vendas Marcos Roberto Lino Paula, 25.
"Já me aconselharam compressas geladas de chá de camomila, acho que vou tentar", diz ele (leia na página ao lado algumas providências úteis para quem tem predisposição ao problema).
Entre os disfarces de olheiras, maquiagem corretiva e óculos escuros são os mais empregados. Mas não precisam ser os únicos. Existe tratamento para olheiras e, para encontrar o mais adequado, é preciso consultar um dermatologista para descobrir, em primeiro lugar, a causa do problema.
Para se livrar das suas olheiras, companheiras desde a infância e responsáveis pelo apelido de "Zumbi", o arquiteto Bruno Lividatti, 23, optou pelo "skintonic", tratamento que, por meio de movimentos de sucção, estimula a circulação e melhora a oxigenação da região.
"Após fazer uma rinoplastia (cirurgia plástica de nariz), minhas olheiras pioraram, e tive de recorrer a um tratamento específico. Antes, as pessoas viviam dizendo que eu estava cansado e ainda me davam alguns anos a mais na idade", diz ele, agora feliz com o resultado do tratamento. "O problema me atormenta desde a adolescência", reclama a demonstradora de produtos de beleza Márcia Souza, 24, que recorre aos truques de maquiagem.
As olheiras podem ser causadas por três fatores, que atuam isoladamente ou em conjunto. Produção elevada de melanina na região da pálpebra inferior leva ao escurecimento da pele. Vasodilatação na região embaixo dos olhos devido a algum problema na circulação também pode causar a mancha arroxeada. E, por fim, as bolsas de gordura que se formam nessa área e que cedem ao longo do tempo escurecem a área (leia mais na página ao lado).
Quem carrega as manchas roxas já nasceu com essa tendência. Ou seja, duas pessoas podem passar a noite em claro e apenas uma delas enfrentar o dia seguinte com olheiras devido à predisposição genética. E essa herança é mais comum entre pessoas de pele mais escura, cuja produção de melanina é maior do que as das de pele clara, que praticamente não apresentam olheiras.
É possível encontrar nos consultórios uma variedade de tratamentos, mas, segundo os especialistas, não espere de nenhum deles resultados 100% satisfatórios. Além da "skintonic", adotada por Lividatti, o dermatologista Otávio Macedo enumera outros tipos de tratamento: "Quando a causa é o aumento de melanina, são usados "despigmentantes" como ácido retinóico, hidroquinona, laser e peeling. Se o problema for vascularização venosa, usam-se produtos à base de vitamina K, vitamina C ou cafeína (para contrair a parede dos vasos sanguíneos) ou outro tipo de laser. No caso de excesso de pele, também pode ser indicada a cirurgia plástica".
O cirurgião plástico Antônio Graziosi, que no ano passado defendeu uma tese de mestrado sobre olheiras na Unifesp, argumenta que um dos motivos relacionados à baixa eficácia dos tratamentos à base de produtos químicos é o fato de a pigmentação de melanina instalar-se em camadas profundas da pele, impedindo que as substâncias atinjam completamente as células. "Na minha opinião, o laser ainda é o caminho mais eficiente para os casos de pigmentação excessiva e congestão vascular", diz o cirurgião.


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