São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2003 |
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Biográfico identifica os fatos e os comportamentos marcantes de cada fase da vida e ajuda a estabelecer metas para o futuro Lembrar o passado para entender o presente
CRISTINA CAROLA
Você consegue se lembrar da festa do seu terceiro aniversário? Ou das discussões que você tinha com seus pais na adolescência ou com o chefe no primeiro
emprego? Lembranças como essas vêm à tona durante o biográfico, que, apesar do
nome, vai além do mero registro da história de vida de uma pessoa. É um processo de autoconhecimento com objetivo bem mais ambicioso: lembrar o passado
para entender o presente e estabelecer metas para o futuro. Adelina Rennó, psicoterapeuta Carina Edenburg, 37, nunca tinha trabalhado até se separar, há dois anos. Com dois filhos, ela se sentiu "perdida". "Eu era artista plástica e professora de inglês, precisava ganhar dinheiro, mas não sabia como." Segundo ela, o biográfico norteou-a. "A partir dele, comecei a trabalhar como artista plástica." Em crise estava também a gerente de RH Vera Petrilli Módolo, 51. Ansiedade e temores fizeram-na procurar um terapeuta biográfico. O processo foi interrompido por uma queda grave, há quatro anos. Ao retomá-lo, Vera percebeu que as situações inesperadas que vivera, como a queda, um acidente de carro na adolescência e a doença do pai, fizeram com que ela tentasse controlar tudo à sua volta -o que só gerava mais ansiedade e medo. "Para que tanto controle, tanto cuidado? As coisas precisam fluir." Essa tem sido a sua meta. Para a antroposofia, a vida divide-se em ciclos de sete anos -os setênios-, com características próprias e marcados por mudanças psicossomáticas (leia mais na pág. ao lado). "A cada sete anos, é como se alguma qualidade nova nascesse", explica Rennó. Em sessões individuais ou em grupo, o biográfico trabalha as lembranças de cada setênio. Após receber informações sobre essas fases, a pessoa escreve, em ordem cronológica e objetivamente, os fatos que marcaram esses períodos para ela (leia na pág. ao lado como turbinar a memória). Além de apresentar esse relato ao grupo ou para o terapeuta, a pessoa escolhe uma cena importante desses setênios para representar -em desenho, pintura ou escultura- na sessão artístico-imaginativa. As lembranças objetivas ganham vida e cor nessa etapa. Segundo Rennó, é nesse momento que os sentimentos vêm à tona, porque, para a antroposofia, "a arte é a pátria dos sentimentos". Essa metodologia é adotada para todos os setênios e, ao compará-los, a pessoa pode perceber padrões repetitivos de comportamento e tentar mudar aqueles que são prejudiciais para ela. Além disso, ela determina metas para o futuro, colocando-as no papel e estabelecendo prazos. "É preferível uma meta pequena, factível, bem explicada", diz Perlatto. Para fazer o biográfico, a pessoa deve ter 21 anos ou mais. Antes dessa idade, a terapia não é indicada porque os três primeiros setênios são considerados fases de formação, explica Perlatto. No biográfico em grupo, os participantes ficam reunidos por cinco ou sete dias. Já a terapia individual consome, no mínimo, 16 sessões. "Em grupo, as pessoas aprendem a escutar sem julgar. Se for individual, a biografia é mais explorada, há mais tempo", afirma Rennó. Texto Anterior: quem é ela Próximo Texto: Dicas para melhorar a memória Índice |
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