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alimentação
Vontade de salada
Especialistas dão 40 dicas -sem aviãozinho!- para ensinar as crianças a terem bons hábitos alimentares
IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Hora do almoço e começa a missão impossível -pela milésima vez, pais, mães,
babás ou professores tentam
fazer com que as crianças comam uma refeição equilibrada,
com verduras, legumes, grãos,
proteínas etc. Ou simplesmente que comam -qualquer coisa.
A queixa de que o filho não
come bem é uma das mais comuns e antigas nos consultórios pediátricos. A preocupação
é legítima, mas há suspeitas de
que, se os pais se preocupassem
menos e relaxassem mais, boa
parte do problema estaria resolvida. "Se a felicidade da família depende do que o filho de
quatro anos come, ele está frito", avisa o pediatra Fabio Ancona Lopes, presidente do departamento de nutrologia da
Sociedade de Pediatria de São
Paulo.
Explica-se: os sensores que
regulam a fome e a saciedade
estão em uma esfera do sistema
nervoso central ligada às sensações primitivas dos indivíduos;
estímulos intelectuais e afetivos acionam outras esferas. Se,
na hora de comer, essas esferas
entrarem em conflito -por
exemplo, se a sensação de fome
ou de saciedade não corresponder à percepção emocional de
que a mãe "está feliz" com o que
a criança comeu-, o circo estará armado.
E haja circo. Do aviãozinho à
chantagem, da verdura escondida às promessas, pais e mães
acabam achando que qualquer
tentativa é válida. O problema é
que essas estratégias não costumam funcionar sistematicamente. Por isso, mesmo quando os pais conseguem fazer
com que a criança engula o alimento desejado, não se obtém
o mais importante: criar o hábito da boa alimentação.
"Em uma casa onde todos
têm bons hábitos, mesmo a
criança que "não come" tem
uma grande chance de estar se
alimentando bem. E um dia a
ficha cai. Ela vai saber e conseguir comer de uma forma saudável", acredita a nutricionista
Maria Luiza Ctenas.
Duro é esperar até a ficha
cair. Mas os pediatras garantem que, se os parâmetros de
crescimento estão normais,
não há porque se preocupar
com a criança que, aparentemente, come pouco. E esses parâmetros são mais bem observados nos consultórios, por
meio da curva de crescimento
anotada pelo pediatra a cada
consulta. Isso é importante, explica Lopes, porque a partir do
segundo ano de vida até o início
da puberdade a velocidade de
crescimento é, naturalmente,
bem menor do que a do lactente e a do adolescente.
Isso tudo não quer dizer que
basta relaxar e deixar o filho comer quanto, o que e como quiser. Baixar a ansiedade é apenas o primeiro passo para fazer
a questão da comida passar de
problema a prazer. Esse é o segredo. Descobrir novas formas
de apresentar os alimentos,
prepará-los junto das crianças,
além de adotar e transmitir
bons hábitos à mesa podem
exigir paciência. Mas esse processo não deve ser penoso. É o
que mostram as 40 dicas dos
especialistas ouvidos por
Equilíbrio.
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