|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
s.o.s. família rosely sayão
Escolas jogam pesado para segurar aluno
Não é possível negar: escola particular é
um negócio e, como tal, precisa sobreviver financeiramente. Por isso cada uma delas trata de se preparar bem para praticar uma
boa educação no espaço escolar e, assim, ser
reconhecida como uma boa escola e -claro- garantir alunos e mensalidades.
Mas, em tempos de recessão econômica, algumas escolas particulares estão usando recursos muito pesados com esses pais na tentativa de receber -e segurar- alunos que vão
iniciar a frequência ao espaço escolar na época
da educação infantil, como forma de garantir
alunos nos ciclos mais avançados. Aliás, o jogo
tem sido pesado demais até com pais cujos filhos com menos de quatro anos já frequentam
alguma escola pequena, que conta apenas
com o ensino da educação infantil.
Alguns me contaram que escolas que contemplam alunos em todos os ciclos -algumas, inclusive, muito bem conceituadas-
têm pressionado os pais usando argumentos
ditos pedagógicos, emocionais etc. para afirmar que o melhor para a criança é frequentar
uma escola em que ela possa ter continuidade
nos estudos até o ensino médio. Ora, isso já é
quase terrorismo, até porque as escolas sabem
muito bem fisgar o ponto fraco dos pais: a
busca de garantias.
Veja só o que algumas escolas argumentam:
mudanças de escola não são experiências boas
e/ou positivas para a criança, afirmam alguns.
Isso não é verdade. A criança pode muito bem
suportar uma mudança de escola, perder os
colegas e os professores com os quais já estava
acostumada a conviver, passar de um método
para outro bem diferente sem que isso se
transforme em um problema na vida dela.
Aliás, quando bem assessorada, a criança pode mais é se enriquecer com o fato.
Se a criança frequentar uma escola em que
tenha vaga garantida no pré e/ou na primeira
série, ela não vai precisar passar pelo chamado
vestibulinho, causa de muita ansiedade e tensão da parte tanto dos pais quanto da criança.
Certo, certíssimo. Passar por algum tipo de
prova classificatória perto dos seis ou sete
anos não é mesmo boa coisa. Mas escola séria
em sua proposta educacional e que respeita a
criança não faz isso.
E se a escola tem uma demanda maior de pedidos de matricula do que as vagas que oferece
nessas séries? Bem, claro que ela terá de fazer
escolhas, e alguns alunos ficarão de fora. Nesses caso, entretanto, a escola não propõe uma
prova classificatória para ficar apenas com os
que se mostram os melhores. Ela faz uma avaliação, até mesmo com os pais, para saber se
eles estão certos da escolha que querem fazer.
O fato é que os pais precisam arcar com a escolha que querem fazer para o filho em idade
de frequentar a escola de educação infantil. E,
nessa hora, o melhor é pensar no que o filho
tem a ganhar com essa escolha e assumir os
riscos que isso supõe. Se os pais gostam muito
do projeto -porque consistente e competente- de uma escola pequena, que só trabalha
com educação infantil, não há motivo para declinar dessa escolha. É possível que assumir a
escolha dessa proposta signifique que, mais
tarde, o filho não consiga frequentar a escola
de ensino fundamental que vocês querem?
Sim, essa possibilidade existe. Mas sempre há
mais de uma escola com propostas parecidas e
que vão poder receber seu filho com a mesma
competência. Além disso, quem garante que
seu filho vai se dar bem naquela escola que você quer? Ninguém.
Se nenhuma escolha oferece garantia alguma, o melhor é que as razões dessa escolha sejam dos pais, e não das escolas, não é mesmo?
Para tanto, só é preciso bancar a decisão de ter
a certeza de ter escolhido o que você acha que
é o melhor para seu filho na idade que ele tem.
O futuro? Já está bem encaminhado se os pais
fizeram uma escolha coerente com o que pensam e querem para o filho no presente. Afinal,
nenhuma escola é insubstituível e, muito menos ainda, perfeita.
ROSELY SAYÃO é psicóloga, consultora em educação e
autora de "Sexo é Sexo" (ed. Companhia das Letras); e-
mail: roselys@uol.com.br
Texto Anterior: poucas e boas: HC de SP possui banco de ossos e de tendões Próximo Texto: Capa 07.11: Madrasta na roda Índice
|