RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

P oucas árvores evocam tantas lembranças e até mesmo saudades nas pessoas que já tiveram uma por perto, no quintal ou no pomar, quanto a jabuticabeira. Pertencente à família Myrtaceae, a mesma da goiaba e da pitanga, a planta exerce especial fascínio por seu porte, pelo local peculiar onde crescem seus frutos -no tronco e nos galhos- e pelo sabor doce e refrescante da fruta.
Tipicamente brasileira, a jabuticaba é pequena e redonda, de casca preta e brilhante. Sua polpa branca e viscosa é muito apreciada ao natural, mas também é utilizada em licores, geléias, doces, sucos e aguardentes. Em termos nutricionais, é fonte de minerais como fósforo e potássio. Já as cascas podem ser usadas na produção de corante, enquanto a madeira da árvore é aproveitada pela construção civil.
Existem várias espécies de jabuticabeira, espalhadas por diversos Estados do país. Algumas delas, como a jabuticaba de cabinho, são encontradas também no Paraguai e na Argentina. Dependendo do clima e da forma de cultivo, podem ocorrer até cinco floradas da árvore ao ano.
A época de frutificação varia conforme a espécie e o local. A M. cauliflora, por exemplo, dá frutos de setembro a janeiro, em Campinas e São Paulo, enquanto a M. grandiflora e a M. peruviana frutificam de março a setembro, em Curitiba.
"O mais comum é uma carga principal por ano, normalmente após o período frio, ou seja, de agosto a novembro", afirma Ronaldo Veloso Naves, professor de fruticultura da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Goiás. De acordo com ele, com auxílio de irrigação, é possível adiantar ou atrasar a safra para aumentar o período de oferta da fruta.
No mercado, o quilo da jabuticaba costuma alcançar preços altos (por volta de R$ 16, dependendo da época) devido aos custos da colheita manual e do transporte. Além disso, embora haja cultivo em escala comercial em algumas partes do Brasil, como na cidade de Casa Branca (SP), a jabuticabeira ainda é uma árvore muito associada a quintais.
"Sua grande vocação ainda é para pomar doméstico, porque depende de muitos cuidados na colheita, no transporte e na comercialização, que tem de ser realizada no mesmo dia", afirma Naves.


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