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coluna social
Farmacêutica ensina como curar com plantas
ELKA ANDRELLO - FREE-LANCE PARA A FOLHA
Com plantas e ervas, Terezinha de
Jesus, 36, ajuda a colocar em dia
a saúde de quem não tem "dindim". "Teca", apelido carinhoso pelo
qual é chamada por seus pacientes, é pesquisadora na área de saúde pública, mas
os remédios que receita são bem diferentes dos indicados nos hospitais dos grandes centros urbanos. Ela trabalha com
plantas medicinais, aliando o conhecimento científico com o conhecimento
ancestral dos chamados povos tradicionais da Amazônia, como índios, caboclos e pescadores. Macapaense decidida,
desenvolve, além de um serviço de saúde
para as populações carentes, um processo de autoconhecimento dentro das próprias comunidades.
Há quatro anos, fundou a ONG Projeto
Farmácia da Terra, que atua apenas em
comunidades rurais do Amapá, em parceria com o Ieta (Instituto de Pesquisa
Científica e Tecnológica do Estado do
Amapá). A entidade nasceu da sua profunda crença na fitoterapia, tratamento à
base de plantas medicinais. Apesar da
formação universitária -é graduada em
farmácia pela Universidade Federal do
Pará-, Terezinha traz de dentro de sua
casa a experiência da terapia com ervas.
"Minha mãe teve 12 filhos. Todos, com
exceção de um prematuro, nasceram
com a ajuda de parteiras, e minha mãe,
descendente de índios, preparava os medicamentos. Sempre tivemos pouco contato com médicos", lembra.
Com a lição vinda de casa, Terezinha
tem a receita na ponta da língua: "Geralmente, uma aspirina é exclusivamente
analgésica e serve para combater uma
dor, mas dificilmente ela vai curar a causa
da dor. Já uma planta contra a gastrite é
analgésica, antiinflamatória, cicatrizante,
quer dizer, ela tem o conjunto que faz
com que a pessoa consiga se curar da
doença. E, para completar, os efeitos colaterais do remédio são quase zero".
A atuação da ONG nas comunidades
carentes não pretende anular o trabalho
das parteiras e dos curandeiros, mas integrá-los ao projeto, principalmente acertando a questão da dosagem dos medicamentos. É necessário também entender o
linguajar de cada população para poder
medicá-los com precisão. "Você chega
em uma comunidade e falam que fulana
está com uma doença na "mãe do corpo".
A pessoa está querendo dizer que está
com algum problema no útero, seja uma
cólica ou mesmo um mioma", explica.
O projeto agita as comunidades com
oficinas que duram 20 horas. Ensina-se
como cultivar e manejar ervas e plantas e
como produzir remédios. "Quando você
tira a casca de uma árvore, tem de ter cuidado com a casca e com a árvore. A babosa, por exemplo, é um excelente hidratante, mas a casca tem uma alta taxa de
toxinas, tem de ser bem manipulada ao
ser extraída", ensina Terezinha.
Segundo Terezinha, as plantas podem
curar boa parte dos problemas respiratórios, febres, diarréias, doenças de pele,
cólicas, pneumonia, pressão arterial descontrolada e infecção renal. Outra grande
vantagem da fitoterapia é o custo. As
plantas nascem facilmente e podem ser
cultivadas até em apartamentos! "Mesmo que se tenha a possibilidade de comprar algum medicamento, se existe uma
planta adequada em casa, ela é muito melhor", diz a pesquisadora.
Contatos com o Projeto Farmácia da Terra: Terezinha de Jesus, telefone 0/xx/96/9971-2350 e e-mail
tecajesus@uol.com.br
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