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O ferro é essencial para o funcionamento do corpo, e a carência pode provocar desde simples cansaço até arritmia cardíaca
Recheie seu prato com ferro e fuja da anemia
FREE-LANCER PARA A FOLHA
Quem não tem uma saúde de ferro pode estar literalmente precisando desse mineral. A deficiência de ferro é a doença mais frequente no mundo. Os números
impressionam: 1,5 bilhão de pessoas têm
essa carência ao redor do globo. Nos países subdesenvolvidos, a falta de ferro é
questão de saúde pública: afeta de 50% a
60% das crianças de 6 meses a 3 anos.
O problema é sério devido à importância do ferro para a vida humana. O ferro
entra na formação da hemoglobina, que
faz parte dos glóbulos vermelhos e tem o
papel essencial de transportar oxigênio
para os tecidos do organismo. Com pouco ferro, a produção de hemoglobina cai,
levando a pessoa a um quadro de anemia
por deficiência do mineral.
Claro que isso não ocorre da noite para
o dia. Numa situação normal, o ferro ingerido é absorvido pelo intestino e direcionado para suas funções. "O que sobra
não é eliminado e segue para o compartimento de estoque que temos no organismo", explica Sandra Gualandro, hematologista e professora da Faculdade de Medicina da USP.
Esgotado o estoque, o corpo passa a
contar exclusivamente com o ferro fornecido pela alimentação e não tem de onde tirá-lo quando há uma demanda
maior do mineral. Não dá outra: a pessoa
adquire a chamada anemia ferropriva,
causada por falta de ferro (leia os sintomas na pág. 7)
Uma vez anêmico, não há feijão nem
carne que resolvam, garantem os especialistas. A solução são os suplementos,
mas só sob supervisão médica. Em anêmicos adultos, geralmente a causa está ligada a perdas sanguíneas. Gualandro explica que, nas mulheres, a principal causa
de anemia ferropriva são os distúrbios
menstruais. Já nos homens os problemas
gastrintestinais -diarréias crônicas, hemorróidas- levam a culpa. A exceção fica por conta das grávidas, pois a gestação
aumenta a necessidade de ferro.
A prevenção da anemia ferropriva é
uma tarefa simples porque depende da
alimentação. Para as crianças, basta seguir rigorosamente as orientações nutricionais do pediatra e fazer adequadamente a transição do leite para a papinha
e, daí, para os alimentos sólidos. As grávidas devem fazer o pré-natal para checar o
estoque de ferro regularmente e tomar os
suplementos adequados.
Nas demais idades e grupos, as pessoas
devem ter uma alimentação equilibrada
para manter a biodisponibilidade do ferro, sobretudo quem perde sangue.
Os vegetarianos que nos desculpem,
mas carne é fundamental. Segundo Luciana Maria Bassuruçá, nutricionista do
Hospital Sírio Libanês, o fígado de boi e
as carnes vermelhas constituem a melhor
fonte porque contêm ferro heme, cuja
absorção sofre pouca influência de outros fatores. "O aproveitamento do ferro
das carnes é 20% maior que a do ferro
não-heme, presente nos vegetais."
Entre os vegetais, a melhor fonte de ferro é o feijão, na avaliação de Sílvia Cozzolino, presidente da Sociedade Brasileira
de Alimentação e Nutrição. As folhas verdes e outras leguminosas também contêm ferro, mas em menor quantidade. Já
o mito do Popeye que tira a força do espinafre fica mesmo na ficção. "O ferro do
espinafre não é aproveitado pelo corpo,
pois essa folha possui muito oxalato, uma
substância que impede a absorção do mineral." O ferro da gema de ovo também
não é biodisponível.
Não tem sentido, porém, deixar de comer gema ou espinafre. Para Gualandro,
o que vale é a mistura da comida. "Quanto mais colorido, mais saudável e mais
equilibrado vai ser o prato", endossa a
nutricionista do Sírio Libanês.
(Solange Arruda)
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