São Paulo, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2005
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FITNESS

Hotéis oferecerem academias a não-hóspedes com tratamento vip e menos badalação

Malhação cinco estrelas

RODRIGO GERHARDT
DA REPORTAGEM LOCAL

Para quem dispensa a badalação e a enorme variedade de aulas das academias, é possível fazer exercício em lugares mais vazios, sem filas de espera nos aparelhos e com som muitos decibéis abaixo dos convencionais.
O serviço de academia nos hotéis já existe há tempos, mas, como pouca gente conhece, estão garantidas a mordomia e a privacidade.
A maior parte dessas academias disponibiliza para os não-hóspedes instalações do hotel, como piscina e sauna, além de mimos como fruas à vontade, toalhas, roupão, chinelos, sabonete e xampu, diariamente. Em alguns casos, há também descontos em hospedagem e outros serviços do hotel (como spa).
Quem escolhe malhar em hotel, no entanto, precisa se acostumar às salas menores, com menos aparelhos de musculação, e à pouca variedade de aulas -normalmente restritas a ginástica localizada, spinning, step e hidroginástica. Geralmente, há instrutores de ginástica em tempo integral -muitas disponibilizam também personal trainers.
"O perfil do público é de pessoas que estão mais focadas no treino e na saúde e com média de idade acima dos 30 anos, sem tanto interesse na azaração. Não é um ambiente de molecada ou rapazes marombados", diz Edson Fabbri, coordenador da academia Living Well, do hotel Hilton, na região do Morumbi, em São Paulo.
Para manter o clima de privacidade, muitos estabelecimentos preferem não divulgar o serviço. No Renaissance, em São Paulo, são disponibilizadas 200 vagas para sócios, a um valor mínimo de R$ 220 por mês. A mensalidade dá direito, além da academia e das instalações de lazer, a descontos no cibercafé, na quadra de squash e nos serviços de spa.
Quem se interessa, no entanto, precisa aguardar uma lista de espera atualmente com 60 pessoas, segundo a gerente Mônica Cipolla. "Em geral, os freqüentadores são profissionais liberais e executivos que trabalham na região ou pessoas indicadas por quem já conhece o nosso sistema."
Para o comerciante Marcus Jordão, 44, que passa três horas por dia no Renaissance, o diferencial é o atendimento vip. "O tratamento é excelente, e a importância dada ao conforto, maior. Aqui, além de malhar, consigo realmente relaxar, aproveito tudo", diz Jordão, que faz sessões de ofurô ou hidromassagem depois da musculação.
"No início, foi meio estranho ter de cruzar o lobby e subir no elevador junto com os hóspedes, principalmente com roupa de ginástica. Mas, com toda a sofisticação, não há aquele clima de badalação das academias normais", afirma a professora Cristiane Fchreiner Dutra, 29, que freqüenta há um ano a academia do hotel Hilton São Paulo Morumbi.
O ambiente logo na entrada é mesmo diferente do das academias normais. Além do tratamento formal e clima mais silencioso, o lobby de granito e pé-direito de 28 m impressiona.
Lá, toda a equipe é bilingüe e as televisões de plasma, à frente das esteiras, concorrem com a vista panorâmica da cidade, na cobertura do prédio. Além da musculação, o hotel oferece aulas diversas e disponibiliza uma jacuzzi para hidromassagem. No vestiário, há uma bancada com secadores de cabelo, ferro de passar roupa e uma centrífuga para secar a roupa de banho. "Mesmo no final da tarde, não sinto o tumulto comum dos horários de pico das outras academias", diz Dutra.

INTERAÇÃO GLOBAL
Além das mordomias, quem costuma malhar em hotel destaca a convivência com um grupo menor de pessoas e o contato com hóspedes de várias partes do mundo.
"As academias grandes são frias. Lá, a relação com as pessoas individualista, sem falar no exibicionismo, que me constrangia. No hotel, o ambiente é mais acolhedor. Fiz amizade e me correspondo até hoje com pessoas de Londres e de Roma", conta a socióloga Elizabeth Avelino, 52, que faz ginástica no Maksoud Plaza, o terceiro hotel que frequenta.
No Intercontinental São Paulo, logo na entrada da academia, uma cuba com maças, uvas, pêras e bananas está à disposição dos alunos, como o estagiário Gustavo Porto, 24, que aproveita a conveniência de malhar perto do trabalho.
"Embora não tenha aulas de lutas marciais, como eu gostaria, o custo-benefício compensa porque eu posso usar a academia e a piscina inclusive nos finais de semana e feriados. Funciona como um clube", diz.
Para os hotéis, abrir a academia para não-hóspedes é a garantia de receita durante todo o ano e de novos contatos. "É um público que se tornou maioria nesses espaços [de ginástica e lazer] e está presente durante todo o ano. Normalmente, criam uma relação de amizade com o hotel que reflete na indicação de hospedagem para seus amigos e visitantes", diz Francisco Queiroz, gerente de lazer do Sheraton Rio Spa & Beach Club, no Rio de Janeiro.
Antes de fazer sua matrícula, no entanto, fique atento ao tipo de gerência do local, informando-se sobre os serviços disponíveis e fazendo uma visita. Mesmo dentro da mesma rede, alguns hotéis possuem regulamentos próprios. Tanto que, normalmente, a matrícula de um não dá direito à freqüência em outro, de outra cidade.
Em alguns casos, as academias são terceirizadas e, apesar de abertas ao público externo, podem não seguir o mesmo padrão de atendimento ou não estender as instalações do hotel para o usuário. Em outros, o uso pode ser cobrado separadamente, como é o caso do Dorisol, em Pernambuco, que exige consumação mínima de R$ 25 no bar para a utilização da piscina.
Como acontece nas academias tradicionais, os associados em hotéis recebem uma carteirinha que dá acesso aos serviços oferecidos. Em geral, não passa de uma formalidade para controle interno, já que o atendimento vip prevê que todos sejam reconhecidos na portaria.


Texto Anterior: Benefícios da técnica
Próximo Texto: Serviço
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.