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foco nele
Beleza pede autoconhecimento, diz cirurgião plástico
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O gaúcho Ricardo Moro, que há 12
anos trocou o Brasil pela Itália, costuma
deixar de lado o título médico de cirurgião plástico para se apresentar como
consultor de imagem.
Moro defende a beleza como algo que
transcende a estética e critica a atual banalização do uso da cirurgia estética.
Para ele, que se dedica duas horas diárias à meditação, beleza física é um "contexto geral, e não apenas o resultado de
uma cirurgia bem-feita. Cada um deve
seguir não só seu tipo físico, mas também
seu tipo mental."
Sobre o padrão de estética ditado pela
moda, Moro afirma: "Eu acho que existem dois tipos de pessoas, as que seguem
moda e as que fazem moda. Não quero
que minhas pacientes sigam a moda,
quero que elas façam moda. Porque moda é comércio, é tendência, e tendência
muda a todo momento.
Em setembro, ele inaugura em São
Paulo uma filial do seu Centro de Pesquisa de Imagem, instalado em Roma. Leia a
sua entrevista abaixo.
Folha - A cirurgia plástica garante a beleza da mulher?
Moro - Beleza é um contexto. Não
adianta nada colocar lindos seios numa
mulher que não sabe se vestir, não sabe se
comportar, não tem um estilo. A beleza
física é um contexto geral, e não apenas o
resultado de uma cirurgia bem-feita. A
cirurgia plástica é superimportante para
ajudar no equilíbrio da imagem. Mas a
beleza completa só vem quando o corpo,
a mente e o espírito estão em equilíbrio.
Senão, você corre o risco de virar a "loira
burra". Eu insisto que a beleza vem por
meio do autoconhecimento. Sou contra a
paciente que passa de uma cirurgia para
outra de um modo neurótico.
Folha - E como funciona o seu trabalho?
Ricardo Moro - Meu trabalho se desenvolve em cima do que chamo consultoria
de imagem. Ou seja, não me limito a um
defeito físico específico. Meus pacientes,
após passarem por um estudo de psicoestética, fazem um trabalho completo:
como devem se maquiar, qual o melhor
corte de cabelo... Tenho uma consultora
de moda que os ajuda a se vestir de acordo com o próprio estilo. Tudo isso sem
esquecer a parte psicológica porque a base do meu trabalho é a harmonia entre
corpo, mente e espírito. Esse é o trabalho
que venho desenvolvendo na Itália e que
pretendo começar a fazer em setembro
no Brasil. Será uma espécie de filial do
meu Centro de Pesquisa de Imagem, em
Roma.
Folha - Como se consegue esse contexto
harmônico?
Moro - Após um estudo de psicoestética, com a ajuda de testes, descobre-se o
estilo da pessoa: romântica, sensual, clássica... É preciso descobrir a essência de
cada um para encontrar beleza e elegância. Por exemplo, se a mulher for vulgar e
sentir-se bem dessa forma, ela será bonita. Se for intelectual, deve comportar-se
como uma intelectual, vestir-se como tal,
ou seja, estar em paz com sua índole, explorar o seu tipo e encontrar a sua beleza.
Folha - Suas pacientes conseguem encontrar a própria beleza?
Moro - A harmonia entre o corpo, a
mente e o espírito é uma questão de equilíbrio, e só se tem equilíbrio por meio do
autoconhecimento. É ele que vai determinar sua imagem. Infelizmente, o autoconhecimento é um caminho muito difícil, nem todos conseguem percorrê-lo. É
aí que entra o meu trabalho.
Folha - O senhor acha que o aumento da
expectativa de vida contribuiu para esse
boom da cirurgia plástica?
Moro - A cirurgia plástica, hoje, não está
mais vinculada ao envelhecimento. Pelo
menos na minha experiência, a faixa etária que recorre a esse tipo de cirurgia é
dos 15 anos aos 55, 60 anos. E a maior
concentração é dos 25 aos 45 anos. O problema é que hoje em dia existe mais competitividade, e aí é que entra a falta de
equilíbrio: não basta ser só uma mulher
com uma certa experiência, uma certa
capacidade de produção, você tem que
ser bonita, e as pessoas acham que fazendo a cirurgia vão alcançar isso.
Folha - O senhor é a favor do envelhecimento natural?
Moro - Envelhecer naturalmente não está fora de moda, não é errado. Agora, se
estamos falando de pessoas que querem
combater o envelhecimento natural, proponho técnicas naturais de resolução.
Não uso técnicas que paralisem músculos e expressão. As rugas são sinais de expressividade em um rosto, acho que as
pessoas devem preservar essa expressividade.
Mas existem técnicas que podem retardar ou evitar a cirurgia. Baseada numa
técnica que é bastante utilizada em todo
o mundo, a das infiltrações, desenvolvi
uma técnica para remodelação da face, a
qual chamo de "restyling".
Folha - Como foi desenvolvida?
Moro - Reuni uma equipe de artistas,
composta por um diretor de iluminação
de cinema, um maquiador de efeitos especiais, um maquiador de moda, um caricaturista e um fotógrafo retratista. Fizemos um workshop de uma semana, estudando modelos de várias idades. Em cada modelo, o maquiador explicava como
faria a maquiagem para tirar certas sombras e cancelar defeitos daquela face. Por
meio desse workshop, consegui estabelecer precisamente os pontos principais
que podem ser preenchidos com essas
infiltrações para conseguir um efeito jovem.
foco nele
Nome: Ricardo Moro
Idade: 42 anos
Profissão: cirurgião plástico e consultor de imagem
O que faz: coordena o Centro de Pesquisa de Imagem, em Roma (Itália)
Filosofia de vida: desenvolver um trabalho de consultoria de imagem em que a cirurgia plástica é apenas um dos serviços oferecidos.
Para ele, a beleza só é obtida se houver um equilíbrio entre corpo,
mente e espírito
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