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Design universal define critérios para crianças, adultos e idosos sentirem-se igualmente confortáveis no ambiente doméstico
Novo conceito prega a casa democrática
Divulgação
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Casa na Inglaterra que segue os padrões do design universal, com rampa e janelas de peitoril mais baixo |
ANTONIO ARRUDA - DA REPORTAGEM LOCAL
Quem costuma escorregar na lavanderia ou levantar no meio da noite tateando a parede em busca do interruptor, quem vive se enroscando na
porta quando chega em casa carregado de sacolas ou volta e meia ouve o filho reclamar que não consegue se ver no espelho do banheiro vai encontrar
no design universal um grande aliado. Conceito arquitetônico surgido nos
Estados Unidos na década de 90 e que ganha espaço -ainda que de forma tímida- no Brasil, o design universal é democrático e altruísta: prega que todas as
pessoas, de crianças a idosos, passando
por quem possui alguma limitação física
(permanente ou temporária), tenham
condições iguais e de qualidade ao usar
uma casa. Para tanto, as palavras de ordem do design universal são praticidade,
segurança e conforto.
No Canadá, o conceito também leva o
nome de "health house" (casa saudável) e
"flex house" (casa flexível). Na Inglaterra,
foi o termo "lifetime home" (casa para
toda a vida) que caiu nas graças de arquitetos e empresas de construção.
"As habitações devem atender aos diferentes perfis de morador; além disso, a
pessoa que constrói uma casa deve pensar que vai receber familiares e amigos e
que todos vão querer se sentir à vontade.
É uma questão de pensar em bem-estar e
em qualidade de vida", diz Sheila Walbe
Ornstein, vice-diretora da Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da USP.
"O desenho universal liberta as pessoas
de tarefas estressantes, às vezes perigosas
e muitas vezes excludentes", diz o arquiteto Marcelo Pinto Guimarães. Professor
da Universidade Federal de Minas Gerais, Guimarães está fazendo doutorado
em design universal na Universidade Estadual da Carolina do Norte (EUA), que,
ao lado da de Buffalo, em NY, possui um
dos maiores centros de estudo e pesquisa
do assunto no mundo.
Como excludente, Guimarães refere-se
não apenas aos portadores de deficiência,
mas a todas as pessoas em determinadas
situações do dia-a-dia. "Todos nós somos portadores de deficiência ao lidarmos com situações e espaços que não se
ajustam às nossas habilidades, mesmo
que circunstanciais, como carregar uma
criança no colo ao subirmos num ônibus
ou carregar sacolas escada acima depois
de chegar do supermercado com o carro
lotado", diz Guimarães.
O design universal se aplica à construção da casa (confira quadro na pág. 8) e
também a objetos do cotidiano. Ele está
presente no mobiliário adaptável a pessoas de tamanhos e pesos diferentes, nos
equipamentos que eliminam esforços
manuais intensos, minimizando acidentes, como ferros de passar que desligam
automaticamente, e está nas telecomunicações, em que teclas "closed-caption"
ajudam portadores de deficiência auditiva e estrangeiros a acompanhar a TV lendo as falas, diz Guimarães.
O arquiteto Sig Bergamin destaca a
busca desse conceito por "pessoas mais
conscientes e realistas, que querem se
prevenir utilizando os parâmetros do design universal". Para a arquiteta Sandra
Perito, uma das mais fervorosas partidárias do conceito, "quem não tem receio
de pensar antecipadamente na velhice
pode garantir hoje um futuro mais confortável e prático".
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