São Paulo, quinta-feira, 12 de setembro de 2002
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Emagrecer agora é assunto de homem

Na Europa e principalmente nos Estados Unidos, os famosos começam a tornar públicas suas vitórias contra a balança

DO "NEW YORK TIMES"

Pelo menos desde que a jovem e bela Lily Bart preocupou-se em manter um porte delgado no romance de 1905 "The House of Mirth" (A Casa da Felicidade), de Edith Wharton, discutir dietas tem sido assunto de mulher. Agora isso está mudando. Vários homens famosos recentemente tornaram pública sua vitória contra a balança em livros, entrevistas e em eventos de moda.
Karl Lagerfeld, o antes corpulento estilista que emagreceu cerca de 40 kg, foi o assunto de Paris nas últimas duas estações, exibindo seu corpo reduzido nas passarelas. No próximo mês, ele e seu médico, Jean-Claude Houdret, lançarão, na França, um livro chamado "3D" -D de designer, doutor e dieta.
O ex-"bon vivant" Art Cooper, editor-chefe da revista masculina "GQ", que perdeu cerca de 25 kg desde janeiro, transformou sua saga em crônica em sua coluna ("Estou sempre sóbrio e com fome", escreveu ele em março). Na semana passada, na festa do 45º aniversário da revista, em Nova York, ele zanzou triunfante em um terno de Ermenegildo Zegna.
Cooper foi estimulado a tomar uma atitude em relação ao peso por outro preeminante seguidor de dietas, o agente literário de Londres Ed Victor, cuja perda de cerca de 22 kg rapidamente o levou a escrever "The Obvious Diet" (A Dieta Óbvia). O livro foi publicado no ano passado, no Reino Unido, e deve ser lançado nesta semana nos EUA.
No mundo de Cooper, Victor e Lagerfeld, o status de peso pesado era tanto literal como figurado. Para homens como eles, no topo de suas áreas de atuação profissional, um físico pesado não tinha necessariamente a mesma conotação que tinha para uma mulher: podia ser visto como um sinal de poder. Homens poderosos como o rei Henrique 8º e o ex-primeiro-ministro Winston Churchill, ambos ingleses, ocupavam bastante espaço.
Hoje a cintura elegante vence a barriga majestosa. David Zinczenko, editor da revista "Men's Health", acredita que um fator que contribui para esse novo clima, em que o emagrecimento masculino é discutido em público, é o fato de que, hoje, existem mais americanos com excesso de peso ou obesos do que nunca -61%, de acordo com os médicos. Essa má notícia está por trás das novas e difíceis diretrizes lançadas na semana passada pelo Instituto de Medicina, um órgão do governo dos Estados Unidos, que recomendam que os adultos pratiquem pelo menos uma hora de exercícios por dia para manter a saúde e o peso.
"Ser magro é o novo elitismo", diz Zinczenko. "Hoje a magreza mostra que você é mais rico, mais esperto e mais bem-sucedido que as massas obesas. Como nosso estilo de vida e de alimentação nos deixam gordos, uma pessoa precisa ser mais esperta e mais determinada para permanecer magra. Então dizer aos outros que você emagreceu é como falar "eu consigo passar a perna no mundo, posso derrotar o sistema"."
Mas, apesar de aparentemente os homens estarem mais abertos às dietas, a maioria precisa de um bom empurrão antes de considerar a idéia de emagrecer. Médicos e especialistas em emagrecimento dizem que, como o homem é menos capaz de perceber que está acima do peso que a mulher, ele frequentemente atinge a obesidade antes de perceber que tem um problema.
"As mulheres olham para si mesmas no espelho e acham que tudo está errado. Os homens se olham e vêem perfeição", afirma Cooper.
Porém, quando os homens percebem o problema, eles são mais bem-sucedidos no emagrecimento que as mulheres. Karen Miller-Kovach, pesquisadora-chefe dos Vigilantes do Peso, diz que, de acordo com uma pesquisa da sua organização, quando os homens escolhem fazer algo pelo seu peso, "eles declaram guerra, se tornam absolutamente focados".


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