Conforto, para o bebê, é enrolado: a cabeça abaixada na direção do tronco; as mãos e os pés levados à frente do olhar; a bacia em direção ao tórax. É assim que esse ser redondinho, carregado nos braços da mãe, vai desenvolver a sua coordenação motora.
Ao sair da posição de enrolamento do útero da mãe, o bebê desenvolverá o endireitamento (postural), a torção (articular) e a tensão (muscular), adquirindo assim os princípios básicos da psicomotricidade, afirma a fisioterapeuta francesa Marie-Madeleine Bèziers, autora de "O Bebê e a Coordenação Motora" (Summus Editorial, 80 págs., R$ 32,90).
Baseado nas teorias de Bèziers, com quem trabalhou na França, o terapeuta especialista em psicomotricidade infantil André Trindade criou um curso para ensinar os mecanismos da organização corporal e do aparelho locomotor -e as formas de estimular o seu desenvolvimento sadio.
"Os pais podem participar e facilitar o desenvolvimento motor de seus filhos de várias formas, não só estimulando os movimentos do bebê mas também -e principalmente- nas atividades cotidianas: dar de mamar, levar ao banho ou trocar a fralda, por exemplo", afirma o terapeuta.
"O espaço ideal para o desenvolvimento motor do bebê é o colo da mãe, enrolado próximo ao corpo dela", diz. É a base das posturas e dos movimentos que devem ser proporcionados ao bebê quando não está no colo. E, claro, não é prerrogativa da mãe.
O objetivo do curso organizado pelo terapeuta é ensinar os princípios da coordenação motora aos vários adultos que cuidam e trabalham com crianças pequenas: além de pais e mães, educadores e profissionais de saúde.
A idéia não é, nem de longe, acelerar as etapas de desenvolvimento -como ficar de pé, engatinhar e andar. Cada criança tem o seu ritmo, que deve ser respeitado. O que está em questão é desenvolver uma boa organização corporal. Dessa forma, quando chegar à fase dos primeiros passos, a criança terá equilíbrio e força para continuar suas conquistas com segurança e bem-estar.