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ROSELY SAYÃO
Juventude e maturidade
O relacionamento dos
pais com os filhos
adolescentes não
tem sido fácil.
Além da fase complexa pela
qual os jovens passam e que os
leva a agir de modo diferente do
que seus pais estavam acostumados -e que deixa os adultos
um pouco perplexos e sem
ação-, a situação está ainda
mais difícil por causa de nossa
cultura em relação à juventude.
Ser jovem deixou de ser uma
etapa da vida para se transformar em um estilo de viver. Isso
significa que, quando a criança
entra na adolescência, ela passa
a se relacionar com adultos
iguais a ela, ou seja, tão jovens
quanto ela.
Na questão educativa, esse é
um fato complicador. A adolescência é o tempo de amadurecer, mas, se os pais não ajudarem o filho a entrar na maturidade, ele continuará a agir de
modo infantilizado.
Todos conhecem jovens que
estudam e... só. No restante do
tempo da vida, eles consomem,
frequentam festas, namoram e
desfrutam da sexualidade, jogam, ficam na internet.
Em resumo: eles estudam
sob uma enorme pressão de
êxito não apenas por parte da
família como de toda a sociedade e permanecem prisioneiros
de seus caprichos impulsivos.
Para muitos, esse é o momento de buscar desafios para
evitar o tédio que se instala nesse tipo de vida.
Alguns encontram as drogas,
outros desafiam a morte por
meio de, por exemplo, esportes
radicais, outros se dedicam
exaustivamente ao culto do
corpo perfeito e muitos outros
ficam doentes.
O índice de suicídio entre jovens tem crescido no mundo
todo, inclusive no Brasil. Aqui,
tem aumentado a taxa que envolve a população entre 15 e 29
anos de idade.
Isso significa que eles precisam muito dos pais nesse momento da vida. E o que seus pais
podem fazer?
Em primeiro lugar, podem
bancar o lugar de adultos perante o filho adolescente, não
esmorecer nem tampouco desistir, por mais árdua que a tarefa educativa pareça.
É preciso lembrar que pode
ser difícil, mas impossível não
é, como tenho ouvido muitos
pais declararem.
O filho precisa da ajuda dos
pais, por exemplo, para aprender a retardar e mesmo suspender o prazer que busca, para saber dividir seu tempo entre várias atividades e obrigações, para se abrir para as outras pessoas e buscar modos de viver
bem com elas.
Precisa de auxílio também
para colaborar com o grupo familiar e para dar conta de várias
outras responsabilidades consigo mesmo e com os outros,
para desenvolver virtudes e para, sempre que conjugar o verbo "querer", aliar a ele outros
dois: o "dever" e o "poder".
Para tanto, os pais precisam
aprender a ceder algumas vezes
e a ouvir o que seu filho diz
-seja por meio de palavras, seja por atitudes.
Ouvir não significa atender,
mas considerar a dialogar e a
negociar. E essa talvez seja a
palavra chave do relacionamento entre pais e filhos dessa
faixa etária.
Negociar conflitos e demandas com o filho é uma maneira
de os pais o ajudarem a perceber que ele pertence a um grupo que segue alguns valores e
princípios que são inegociáveis,
mas que, ao mesmo tempo, reconhecem o crescimento do filho e, por isso, valorizam sua
busca de autonomia.
Mas essa negociação deve
priorizar a exigência do desenvolvimento de sua maturidade.
A responsabilidade dos pais é
grande nesse momento da vida
do filho e não apenas com a família e com ele próprio.
Afinal, são esses jovens adolescentes que serão os responsáveis por nosso futuro bem
próximo.
INDICAÇÃO
Um bom filme nacional para assistir que
envolve o tema de nossa conversa de hoje é
"O Bicho de Sete Cabeças" de Laís Bodanzky.
Bicho de Sete Cabeças
Diretora: Laís Bodanzky
Classificação indicativa: 14 anos
ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como
Educar Meu Filho?" (ed. Publifolha)
roselysayao@uol.com.br
blogdaroselysayao.blog.uol.com.br
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