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Galinha-d'angola veio direto da África para o Brasil
RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Aves ruidosas que parecem gritar "tô fraco,
tô fraco" o tempo todo fazem parte das
lembranças de quem vive ou já
passou férias no campo. A galinha-d'angola (Numidia meleagris), essa espécie inconfundível, ainda é chamada por aqui
de angolinha, capote, catirê e
cocá e também tem nomes divertidos em outros idiomas:
"pintade" (em francês), "guinea-fowl" (em inglês) e "faraona" (em italiano).
Segundo o folclorista Luís da
Câmara Cascudo, em sua "História da Alimentação no Brasil"
(ed. Global), essa galinha conhecida desde o Egito Antigo é
o único animal africano que
continua a fazer parte do cardápio brasileiro.
Comum na região subsaariana, parece ter vindo diretamente da África para o Brasil, sem
escalas no continente europeu.
"Acredita-se que sua pátria de
origem seja a região de Guiné,
não Angola", diz João Luís Almeida Machado, professor de
gastronomia do Senac.
Criada como ave ornamental
e fornecedora de carne e ovos, a
galinha-d'angola adaptou-se
bem ao clima do país e é vista
como aliada no controle biológico devido ao hábito de se alimentar de formigas, lagartas,
cobras e insetos. No interior,
onde costuma ser criada solta,
ajuda ainda a denunciar intrusos e a espantar ratazanas com
seus sons estridentes.
São três as variedades mais
conhecidas: as de penugem cinza com pintas brancas, as totalmente brancas e uma híbrida,
que resulta do cruzamento das
outras. O macho apresenta
uma crista que lembra um chifre, enquanto, na fêmea, essa
protuberância é arredondada.
Sua carne de sabor forte é
muito apreciada em vários pratos da culinária. "O sabor é mais
parecido com o da carne de faisão, e a carne é escura e um
pouco mais seca do que a de
frango", afirma Machado.
A carne da galinha-d'angola
possui ainda baixo teor de
gordura e é utilizada geralmente em assados e cozidos.
Seus ovos têm gosto semelhante ao dos ovos das galinhas comuns, mas são bem
menores e costumam ser menos utilizados.
De acordo com a enciclopédia "The Penguin Companion
to Food", o mundo clássico é o
responsável pela lenda que deu
origem ao nome da espécie,
Meleagris. As irmãs de Meleager, príncipe da Macedônia que
morreu inesperadamente, choraram tanto que foram transformadas por uma divindade
em uma ave, cujas pintas de
tom perolado representam
suas lágrimas.
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