São Paulo, quinta-feira, 14 de junho de 2001
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O que os especialistas oferecem para quem quer se prevenir e para quem quer remediar as marcas do tempo no pescoço

"Osso" da dermatologia denuncia qualquer idade

RENATA GONÇALVES - FREE LANCE PARA A FOLHA

A maioria das pessoas não presta a menor atenção ao pescoço. E, quando os sinais do tempo nessa parte do corpo começam a incomodar, muitas vezes já é tarde demais para remediar.
O pescoço e as mãos são as regiões do corpo em que é mais difícil disfarçar o avanço da idade. "Costumo dizer que o pescoço é um "osso" por causa da dificuldade em tratá-lo", diz Valéria Petri, professora do departamento de dermatologia da Unifesp.
Os primeiros sinais de envelhecimento aparecem aos 26 anos nas mulheres e aos 30 nos homens. E o melhor tratamento é o preventivo: passar no pescoço, todos os dias, o mesmo filtro solar usado no rosto e também hidratá-lo sempre.
Para voltar atrás no tempo, não existem técnicas milagrosas. Mas há uma boa gama de tratamentos dermatológicos que disfarçam as marcas da idade no pescoço. A advogada Sandra Assali, 45, por exemplo, recorreu ao Botox (substância que paralisa temporariamente os músculos) e à estimulação por microcorrentes. "Eu faço Botox há três anos e, atualmente, uso também um aparelho de microcorrentes, que dá pequenos choques. Sinto a pele mais firme a cada sessão."
Quem não tem paciência para encarar inúmeras idas ao consultório dermatológico pode optar pela cirurgia plástica, indicada para pessoas acima dos 40 anos. Segundo o cirurgião plástico Ewaldo Boliva de Souza Pinto, professor de pós-graduação da Faculdade de Medicina Santa Cecília (Santos), a plástica no pescoço não tem contra-indicações. É feita com anestesia local e demora, no máximo, três horas. Segundo Boliva, o paciente fica três dias com um curativo e, após uma semana, já pode retornar ao trabalho.
Se a pessoa tiver muita papada, Boliva recomenda que a cirurgia tradicional (em que o músculo do pescoço é cortado e esticado) seja acompanhada de lipoaspiração para retirar a gordura e lifting para retirar a pele que ficou sobrando. "Se optar só pelo lifting, o pescoço poderá "despencar" novamente em seis meses", diz ele.
O chefe do departamento de cirurgia plástica da Unicamp, Cássio Raposo do Amaral, afirma que os pacientes que realizam as três cirurgias conseguem manter os resultados, em média, por dez anos. "Quando há muita gordura, a lipoaspiração é essencial. Mas, em alguns casos, apenas um lifting cervical resolve o problema."
O engenheiro Eduardo Ferrare optou pela cirurgia tripla e se livrou de dois problemas: a papada e a gordura. "O peso do pescoço aumentava o ronco, e minha esposa não aguentava mais", diz ele. Três dias após a cirurgia, voltou ao trabalho, e quase ninguém notou a diferença. "Homem não presta muita atenção nesse tipo de coisa."
A aposentada Lea Levi, 70, fez sua primeira plástica no pescoço aos 52 anos. Agora, estimulada pelo namorado mais jovem, resolveu repetir o procedimento. "Não ligo para idade. O importante é sentir-se bem. Vale à pena sofrer um pouquinho de dor para ser feliz", diz.
Já a dermatologista Valéria Petri é cética em relação aos efeitos de cirurgias e técnicas paliativas. "O botox não vale a pena, é caro (cerca de R$ 1.000), pouco eficaz nessa região e dura, no máximo, seis meses. E a plástica, quando malfeita, pode prejudicar os movimentos. Por isso é essencial escolher um profissional qualificado."


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