São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 2000
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Nódulos nos seios ganham técnica não-invasiva de investigação
Biópsia fora do hospital e sem cicatriz

DA REDAÇÃO

Mulheres que devem ser submetidas a biópsia devido a suspeita de câncer de mama não precisam mais ser hospitalizadas nem tomar anestesia geral. Um novo aparelho, o mammotome, retira amostras do tecido dos seios no próprio consultório médico, usando apenas anestesia local.
O procedimento dura menos de 30 minutos, e a paciente não precisa levar pontos porque a incisão para a retirada dos tecidos tem apenas 3 mm. Na biópsia tradicional, a incisão chega a medir 4 cm. Além de não deixar cicatriz, a biópsia com o mammotome afasta qualquer possibilidade de deformação do seio porque retira o mínimo de tecido necessário.
"O mamotome tem eficácia superior a 99% e a vantagem de ser minimamente invasivo porque não exige hospitalização, dispensa anestesia geral e não deixa marcas", afirma o mastologista Claudio Kemp, do Lego (Laboratório Especializado em Ginecologia e Obstetrícia), um dos três institutos particulares que já dispõem do aparelho em São Paulo.
Dois hospitais públicos, o Pérola Byington e o Hospital das Clínicas, também possuem o mammotome.
O aparelho é composto por uma cânula (espécie de agulha), de forma e tamanho semelhantes aos de um canudo de refrigerante, acoplada a um pequeno bisturi e um motor de sucção. Antes de fazer a incisão, o médico usa a mamografia que identificou o nódulo para determinar, com a ajuda de computadores, a localização exata do tecido que será retirado e indicar o caminho que será percorrido pelo mammotome.
Uma vez lá dentro, a cânula suga o tecido, e o bisturi circular faz um pequeno corte. O sistema de sucção é ativado novamente, levando o tecido para fora. "O procedimento pode ser repetido quantas vezes for necessário, sempre causando o mínimo de trauma possível", diz Kemp.
O diagnóstico preciso e veloz aumenta as chances de cura do câncer de mama, que é a segunda causa de mortes entre mulheres no Brasil. Se diagnosticados na fase inicial, 90% dos tumores são curáveis.
Pesquisas norte-americanas mostram que tumores diagnosticados e tratados antes de atingir 1 cm têm menos de 10% de probabilidade de reaparecer nos 16 anos seguintes. "O diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de cura. O mammotome ajuda, mas o mais importante é a realização do auto-exame", alerta Kemp.
Esse exame deve ser feito a cada dois meses, logo após a menstruação. A mulher deve observar se há sinais de secreção nos mamilos, alteração no tamanho, na forma e no contorno dos seios. Também deve apalpar a mama com movimentos circulares à procura de eventuais nódulos. Apesar de ser uma ferramenta básica de detecção, o auto-exame não substitui a mamografia, que precisa ser feita anualmente após os 35 anos.


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