São Paulo, quinta-feira, 16 de maio de 2002
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coluna social

Borges encontra atletas transplantados

A "Coluna Social" levou uma platéia diferenciada para assistir a um treino do campeão de natação Gustavo Borges: pessoas que passaram por transplante de órgãos e são atletas. "Fiquei surpreso, não sabia que existia essa categoria de atleta", disse o recordista brasileiro de medalhas olímpicas.
Essa turma faz parte da Abat (Associação Brasileira de Atletas Transplantados), fundada há dois anos por Paulo Amazonas (transplantado renal) para organizar e divulgar as atividades de atletas transplantados no Brasil e, de quebra, ajudar a diminuir a desinformação sobre doação de órgãos.
    "Somos o segundo país em número de transplantados no mundo. Conheço atletas uruguaios e argentinos que fizeram a cirurgia aqui, e o Brasil foi o último país latino-americano a solicitar vaga como membro da Federação Internacional de Atletas Transplantados", diz Amazonas.
    Eles têm fôlego de campeão. Entre um treino e outro, organizam a estréia dos Jogos Pan-americanos de Atletas Transplantados no Brasil, prevista para setembro deste ano. Borges foi convidado para fazer a entrega de medalhas. "Existem as paraolimpíadas, com toda a grandiosidade do evento. Por que não ter a competição dos atletas transplantados que, além de ser algo grandioso, tira as pessoas de casa para o esporte?", afirma Borges.
    Os atletas da Abat também estão se preparando para a 24ª Olimpíada dos Transplantados, que acontece em Nancy (França), no ano que vem.
    A possibilidade de participar dessa olimpíada transformou a vida do maratonista Tetsuo Sesoko, 49, que fez transplante de rim. "Quando conheci o Paulo, eu mal andava. Ainda não voltei a correr, mas ando todos os dias. Vou competir no Pan-americano e, no ano que vem, vou correr na França."
    A Olimpíada dos Transplantados é organizada pela World Transplant Games Federation, uma federação internacional filiada ao COI (Comitê Olímpico Internacional). Com exceção dos que receberam transplante de córnea e medula, todos os transplantados podem participar. As categorias esportivas são as mesmas da Olimpíada tradicional, com exceção dos esportes de contato, como futebol e basquete, nos quais o risco de uma contusão é maior. "A idéia é difundir a prática esportiva, que é muito benéfica para o transplantado, e tirar esse estigma de que o transplantado é uma aberração. Nós só somos diferentes porque fomos premiados com uma segunda chance de vida", afirma Amazonas.


Mais informações sobre os Jogos Pan-americanos de Atletas Transplantados e formulários de inscrição estão disponíveis na internet (www.amtransplantgame.com.br).


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