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INGREDIENTE
Urucum é usado como corante alimentar
RACHEL BOTELHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Nativo da América
tropical, o urucuzeiro é um arbusto que,
como tal, dificilmente poderá ser chamado de imponente, mas a beleza de suas
flores e frutos, as cachopas, o
coloca no rol das árvores ornamentais. Esses últimos são usados em arranjos florais e buquês e têm cores variadas, do
branco ao vermelho-carmim,
passando por "pink" e verde.
É mais cobiçado, entretanto,
por suas sementes, também
por razões estéticas. Delas é extraído um corante muito popular em receitas caseiras de todo
o Brasil, o colorau ou colorífico
-o apelido varia de região para
região-, utilizado em larga escala pelas indústrias farmacêutica, cosmética e de alimentos.
"Encontramos o urucum em
alimentos como massas italianas, panetones, sorvetes, sucos
em caixinha, salsichas e vários
tipos de queijo, como o prato,
por exemplo", afirma Eliane
Gomes Fabri, pesquisadora do
Centro de Horticultura e Plantas Medicinais do Instituto
Agronômico. Segundo ela, a
concentração e a utilização de
outros corantes permitem obter diferentes tonalidades.
Para Paulo Roberto Nogueira
Carvalho, pesquisador do Ital
(Instituto de Tecnologia de Alimentos), a grande desvantagem do urucum, assim como de
outros corantes naturais, é a
instabilidade. "Ele é usado em
produtos que não recebem luz
direta porque perde a cor rapidamente", diz. A vantagem, por
outro lado, é a cor natural e o fato de não provocar alergia.
Cerca de 60% das sementes
são misturadas com farinha de
milho, formando um pó que
empresta uma cor atraente a
sopas, guisados, molhos, pães e
carnes. Para a nutricionista
Neide Rigo, autora do blog "Come-se" (come-se.blogspot.com), trata-se de um substituto prático e acessível do tomate
e do açafrão.
Na medicina popular, tem
inúmeras aplicações -como cicatrizante, repelente, antisséptico. Entre os indígenas, seu
uso em pinturas corporais vem
de tempos pré-colombianos e
faz as vezes de repelente de insetos e protetor solar. "Mas nada disso é comprovado", afirma
Carvalho. Ao certo, sabe-se que
a bixina, responsável por sua
cor, tem função antioxidante.
O Estado de São Paulo é o
maior produtor mundial. Nas
regiões Norte e Nordeste do
país, o cultivo advém principalmente da agricultura familiar.
Também é encontrado em outros países, como México e Estados Unidos, onde é chamado
de "achiote" e vendido em cubos e em pasta.
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