São Paulo, quinta-feira, 19 de março de 2009
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

INGREDIENTE

Urucum é usado como corante alimentar

RACHEL BOTELHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nativo da América tropical, o urucuzeiro é um arbusto que, como tal, dificilmente poderá ser chamado de imponente, mas a beleza de suas flores e frutos, as cachopas, o coloca no rol das árvores ornamentais. Esses últimos são usados em arranjos florais e buquês e têm cores variadas, do branco ao vermelho-carmim, passando por "pink" e verde.
É mais cobiçado, entretanto, por suas sementes, também por razões estéticas. Delas é extraído um corante muito popular em receitas caseiras de todo o Brasil, o colorau ou colorífico -o apelido varia de região para região-, utilizado em larga escala pelas indústrias farmacêutica, cosmética e de alimentos.
"Encontramos o urucum em alimentos como massas italianas, panetones, sorvetes, sucos em caixinha, salsichas e vários tipos de queijo, como o prato, por exemplo", afirma Eliane Gomes Fabri, pesquisadora do Centro de Horticultura e Plantas Medicinais do Instituto Agronômico. Segundo ela, a concentração e a utilização de outros corantes permitem obter diferentes tonalidades.
Para Paulo Roberto Nogueira Carvalho, pesquisador do Ital (Instituto de Tecnologia de Alimentos), a grande desvantagem do urucum, assim como de outros corantes naturais, é a instabilidade. "Ele é usado em produtos que não recebem luz direta porque perde a cor rapidamente", diz. A vantagem, por outro lado, é a cor natural e o fato de não provocar alergia.
Cerca de 60% das sementes são misturadas com farinha de milho, formando um pó que empresta uma cor atraente a sopas, guisados, molhos, pães e carnes. Para a nutricionista Neide Rigo, autora do blog "Come-se" (come-se.blogspot.com), trata-se de um substituto prático e acessível do tomate e do açafrão.
Na medicina popular, tem inúmeras aplicações -como cicatrizante, repelente, antisséptico. Entre os indígenas, seu uso em pinturas corporais vem de tempos pré-colombianos e faz as vezes de repelente de insetos e protetor solar. "Mas nada disso é comprovado", afirma Carvalho. Ao certo, sabe-se que a bixina, responsável por sua cor, tem função antioxidante.
O Estado de São Paulo é o maior produtor mundial. Nas regiões Norte e Nordeste do país, o cultivo advém principalmente da agricultura familiar. Também é encontrado em outros países, como México e Estados Unidos, onde é chamado de "achiote" e vendido em cubos e em pasta.


Texto Anterior: Correio
Próximo Texto: Bisteca suína com urucum
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.