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s.o.s. família
ROSELY SAYÃO
Ação de pai quando a droga é uma ameaça
Quem não gostaria de ter soluções rápidas para problemas difíceis? Então vamos lá: quando um adulto entra em depressão, pensa primeiro em fazer terapia ou em buscar alívio para seus sintomas com um médico que possa lhe receitar um antidepressivo? Quanto a ansiedade ou a angústia se tornam fardos pesados demais, quem pelo menos não considera a
possibilidade de recorrer ao uso de um tranquilizante? Quando a vida profissional exige
muito, quem não lembra que há no mercado
uma generosa oferta de vitaminas e energéticos que prometem combater o desgaste físico
e mental decorrente de tanto esforço?
Todas essas atitudes e muitas outras do mesmo tipo, tão comuns na vida moderna, não
são moralizadas pelos adultos: muitas vezes,
são até consideradas atalhos inevitáveis e/ou
provisórios por tantos que sofrem e decidem
buscar alívio ou solução para seus problemas
ou dificuldades. Mas, quando a mesma atitude parte de um adolescente, a coisa complica.
Sim, vamos falar do uso de drogas, e quem
tem filhos adolescentes ou quase lá sabe o
quanto esse problema é aflitivo.
Ninguém mais desconhece os malefícios
que podem surgir na vida de quem usa drogas,
tanto as ilegais quando as legais, como o álcool, por exemplo; e justamente por isso tantos pais, quase a maioria, se preocupam com o
fato. Todos sabem também que hoje a facilidade para obter algum tipo de droga é muito
grande, e isso só aumenta a apreensão dos
pais. Como reagir ao descobrir ou -desconfiar que um filho está experimentando- ou
usando com certa regularidade, algum tipo de
droga? Como preparar um filho para que ele
não queira experimentar drogas? Como educar os filhos considerando a existência das
drogas?
É bom saber, logo de cara, que nem uma boa
educação, nem um ambiente familiar favorável ao jovem, nem um estilo de vida saudável
ou qualquer tipo de atitude por parte dos pais
e da escola garantem que o jovem consiga resistir a tamanha tentação. E que tentação é essa? A de se livrar dos aspectos desagradáveis
ou difíceis da vida buscando uma vivência
mais prazerosa, que permita esquecer as angústias e o sofrimento por que passa.
Se o adulto busca soluções rápidas para problemas difíceis, por que o adolescente não faria o mesmo? É difícil, sim, para o jovem enfrentar o conflito que experimenta ao crescer.
Mas é difícil também o adulto entender o
quanto ele colabora para essa atitude.
Então, como os pais podem reagir? Com atitudes! Tentando descobrir, junto com o filho,
os motivos que o levaram a usar a droga, por
exemplo. Não importa se muitos usam para
contestar, como sinônimo de rebeldia, para
experimentar o proibido, para descobrir novas sensações, para pertencer a um grupo ou
para se sentir poderoso e dono de si: cada um
experimenta e usa drogas por motivos particulares que talvez nem ele perceba, por isso
conversar pode, mais do que qualquer outra
coisa, contribuir para que ele se entenda.
Os pais devem também fazer uma reflexão
sobre quanto facilitam para o filho o acesso às
drogas. Se os pais percebem que o filho consome drogas, é bom voltar a controlar um pouco
mais de perto o uso que ele faz do dinheiro da
mesada, por exemplo. Se o filho costuma frequentar festas, é preciso verificar se tem adulto
tomando conta desses adolescentes reunidos
para se divertir em uma "balada", como eles
chamam, e o que esse adulto entende por diversão de adolescente.
Como uma mãe disse recentemente, ela não
só deixou o filho a ir a uma festa como o levou
até lá e bem mais tarde foi buscá-lo. Depois, ficou sabendo que tinha rolado drogas na festa e
só daí percebeu a colaboração que tinha dado.
É bom lembrar que os jovens estão em busca
de quem são e do que querem. Um adolescente sozinho, perto da família, pode ser um, mas
longe quer ser outro. Por isso, por mais que ele
seja ajuizado, não esqueça que a tentação pode
ser insuportável. E, nessas horas, uma intervenção direta é educativa e necessária.
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ROSELY SAYÃO é psicóloga, consultora em educação e
autora de "Sexo É Sexo" (ed. Companhia das Letras); e-mail: roselys@uol.com.br
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