São Paulo, terça-feira, 19 de abril de 2011 |
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O jogo do corpo
IARA BIDERMAN DE SÃO PAULO As crianças chegam do recreio ou da educação física a mil por hora. Querendo ou não, têm que encaixar seus corpos agitados nas cadeiras e adequar a postura para a sala de aula. Enquanto seus pais e mães procuram atividades como pilates, RPG, dança e ioga para, entre outras coisas, ganhar mais consciência corporal, a dos pequenos vai escorregando pelas carteiras, na clássica posição "largada", em que ficam mais deitados que sentados. Pais e professores conhecem bem as posturas incorretas e se preocupam em corrigi-las: "Senta direito. Fique reto. Olha as costas". O esforço costuma ser inglório. Muitas vezes, tenta-se introduzir mais alguma atividade física à rotina da criança. Natação, balé, quem sabe, podem ajudar a endireitar a postura. "A verdade é que as famílias ainda não se deram conta de que as crianças vivem cada vez mais confinadas, e isso faz com que explorem muito pouco suas possibilidades corporais", diz Andréa Polo, professora de ensino fundamental da Escola da Vila, em São Paulo. Há alguns anos, a escola resolveu investir mais na educação corporal das crianças, algo que vai além da educação física. ATITUDE Para o psicólogo e especialista em psicomotricidade André Trindade, a postura não é só física. "É comportamento, é como a pessoa se coloca no mundo. Na criança e no adolescente, a atitude corporal abre caminho para várias outras coisas." Trindade, que faz atendimento em consultório para tratar problemas corporais de crianças e adolescentes, diz que o trabalho nas escolas tem a vantagem de ser preventivo. As atividades de reorganização postural na infância podem ajudar na concentração e combater a falta de interesse e agressividade dos alunos, segundo Trindade. Uma parte é muito simples: a linguagem corporal das crianças é a das brincadeiras. Cirandas, por exemplo, são uma forma de a criança ganhar consciência de seu corpo e de como ele se relaciona com outros. Elementos como tecidos podem ser acrescentados à roda, para tornar a velha questão do limite mais concreta -e mais divertida. Essa é uma das atividades incorporadas à rotina da Escola Primeira, de educação infantil. Para a equipe dessa escola paulistana, com crianças até cinco anos, o essencial é o trabalho com o corpo -que brinca, dança, dialoga e se movimenta. ESQUELETO Conforme vão crescendo, outros elementos, também divertidos, entram na história, como o esqueleto humano. "Sempre faz sucesso. É a imagem do que tem dentro [do corpo], dá noção da estrutura", diz Trindade, que dá cursos para professores sobre organização postural e motora, e as formas de colocá-los em prática na escola. A atividade inclui massagens, percussão nos ossos e brincar de se sentar na carteira em posturas saudáveis. Texto Anterior: Roda e avisa: Produtos, serviços e ideias para o corpo e o espírito Próximo Texto: Corrida - Rodolfo Lucena: Alfa, beta, gama Índice | Comunicar Erros |
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