GABRIELA SCHEINBERG
FREE-LANCE PARA A FOLHA

No lugar de umas gotinhas sem graça e com gosto esquisito, uma guloseima colorida e doce. Que criança não trocaria as primeiras pela segunda? Em breve, ela poderá fazer essa troca com o apoio dos pais. Farmácias de manipulação oferecerão, a partir de outubro, remédios em forma de bala e pirulito.
Essa tecnologia foi desenvolvida há cinco anos nos Estados Unidos e está sendo trazida para o Brasil pela Anfarmag (Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais). Seu objetivo é tornar o tratamento mais atraente para as crianças, agilizando o processo de cura.
Mas a "mágica" não funciona para todos os medicamentos. Segundo Marcos Perino, vice-presidente da Anfarmag, somente alguns podem ser transformados em balas e pirulitos, entre eles drogas utilizadas para tratar estomatite, infecções respiratórias e candidíase oral, conhecida popularmente como sapinho. "É possível também criar pirulitos com flúor para fortalecer os dentes", afirma Perino, acrescentando que, embora os medicamentos sejam doces, eles não contêm açúcar.
Além de driblar a resistência das crianças à medicação, os "remédios-guloseima" têm outra vantagem: a absorção é mais rápida e eficaz. Quando alguém toma um comprimido, ele passa pelo sistema digestivo, onde é "quebrado" e só depois absorvido. Já a substância ativa contida em um pirulito ou em uma bala é absorvida pela mucosa oral e cai diretamente na corrente sanguínea.
A novidade beneficiará também os adultos. A reposição hormonal feminina e masculina poderá ser feita por meio de pastilhas, por exemplo. Já pacientes com muita dor poderão tomar balas com morfina. "As demais formas de administração dessa droga chegam a demorar até uma hora para surtir efeito; já a ação das pastilhas é quase instantânea", explica Perino.
Os medicamentos em forma de bala ou pirulito poderão ser produzidos apenas em farmácias de manipulação, de acordo com as especificações de um médico. "Os remédios serão feitos sob medida para o paciente, exigindo a apresentação de receita médica", diz.

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