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Um objeto formidável
Uma pilha de folhas impressas, presas pelo meio
e protegidas por uma capa
-o livro é um objeto. Mas
não é qualquer objeto. O
seu formato, na opinião
do professor de literatura
Luís Augusto Fischer, é
perfeito, e o seu design, insuperável.
"Ele é tão formidável como a bicicleta", compara
Fischer. "Não encrenca,
não dá pane e não precisa
de combustível."
Esse material impresso
exerce fascínio justamente
porque faz a ponte entre a
realidade rastejante e o
entendimento que se eleva
sobre ela. "Livros são objetos transcendentes", carimbou Caetano Veloso.
São também objetos afetivos. O filósofo Gaston Bachelard afirmou na "Poética do Devaneio" que só
consegue conceber o paraíso como uma imensa
biblioteca. O "sonhador
das palavras escritas", como Bachelard se denomina, imagina que a prece do
leitor voraz possa se iniciar assim: "A fome nossa
de cada dia nos dai hoje".
Na biblioteca ideal, para
o escritor Italo Calvino,
devem estar até os "objetos" livros ainda não lidos:
"Metade composta de livros que já lemos, e outra
metade que pretendemos
ler".
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