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São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2003
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Usando um espelho, é possível visualizar a glândula em forma de borboleta, que fica no pescoço, e identificar possíveis nódulos

Auto-exame de tireóide deve entrar para a rotina

DA REDAÇÃO

Os sintomas surgem sem mais nem menos e, muitas vezes, não parecem estar relacionados entre si: apatia ou agitação, problemas intestinais, sono demais ou de menos e alterações de peso, por exemplo. Tudo isso pode estar sendo provocado por problemas na tireóide -uma glândula essencial para o bom funcionamento do organismo e que pode ser visualizada por qualquer pessoa, mas que muitos nem lembram (ou sabem) que existe. Para combater a falta de informação, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) está lançando, neste mês, uma campanha sobre a importância do auto-exame da tireóide (veja o passo-a-passo ao lado). "Queremos que a população saiba o que é a tireóide e que problemas pode causar", afirma a médica Valéria Guimarães, presidente da SBEM. Não há dados oficiais no Brasil, mas estima-se que cerca de 10% das mulheres acima de 40 anos e 20% daquelas com 60 anos ou mais tenham problemas de tireóide. Muitos casos, porém, não são diagnosticados corretamente. Embora a incidência desses problemas seja maior no sexo feminino, os homens também devem fazer o auto-exame, e as mães devem examinar a glândula de seus filhos, pois as alterações podem ocorrer em qualquer idade. "A tireóide é como uma refinaria que usa iodo para produzir combustível para o resto do corpo", explica ela. Se a produção é muito grande, o organismo fica "acelerado" -é o hipertireoidismo. Se a glândula produz pouco hormônio, o metabolismo torna-se lento, caracterizando o hipotireoidismo. Essas duas doenças são classificadas como funcionais, já que estão associadas ao funcionamento da tireóide. Um exame de sangue, disponível na rede pública de saúde, é suficiente para diagnosticá-las. Com o auto-exame, a pessoa não consegue identificar o hiper ou o hipotireoidismo, mas pode visualizar problemas estruturais da tireóide: os nódulos. Segundo Guimarães, essas alterações são, na maioria dos casos, benignas e assintomáticas, portanto não precisam ser tratadas. Muitas vezes, as mudanças estruturais da tireóide fazem parte do processo natural de envelhecimento. "Por fora, a pele enruga; por dentro, o corpo encaroça, e aparecem nódulos em várias partes, como na tireóide ou nas mamas" , explica a presidente da SBEM. Por isso ninguém precisa entrar em pânico se perceber saliências na glândula durante o auto-exame. A orientação é procurar um endocrinologista, confirmar o diagnóstico e fazer um acompanhamento anual da evolução dos nódulos. "Nem é preciso fazer biópsia." Como nas mamas, o auto-exame é importante porque permite o diagnóstico precoce também de nódulos malignos. Segundo Guimarães, mais de 95% dos pacientes com câncer de tireóide são curados com o tratamento adequado. Um cuidado fundamental para fazer o auto-exame corretamente é não confundir a glândula com o pomo-de-adão, uma cartilagem mais proeminente nos homens e que parece mais "solta" quando tocada. A tireóide, cujo formato lembra uma borboleta com as asas abertas, fica abaixo do pomo-de-adão. Se a pessoa não conseguir distinguir as duas estruturas ou tiver qualquer dúvida quanto ao auto-exame, deve procurar um médico, orienta Guimarães.


Mais informações sobre a tireóide podem ser obtidas no site da SBEM (www.endocrino.org.br) e pelo telefone 0800-7712373, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.


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