São Paulo, quinta-feira, 22 de fevereiro de 2001
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firme e forte

Academia monta aula ao gosto do freguês

ANA PAULA ORLANDI - FREE-LANCE PARA A FOLHA

É como juntar a fome com a vontade de comer. De um lado, estão alunos ávidos por modalidades que fujam da monotonia e supram necessidades específicas. De outro, as academias tentam abocanhar um público o mais diversificado possível para driblar a concorrência crescente. O resultado são aulas, no mínimo, exóticas. Hoje, dá para aprender a surfar em piscina coberta e malhar de forma lúdica com exercícios inspirados no picadeiro do circo. Os alunos que não gostam de suar na esteira podem trocar o ambiente fechado da academia por aulas de corrida ao ar livre. Há aparelhos adaptados para portadores de vários tipos de deficiência física. E quem luta contra a falta de tempo até no horário de almoço pode optar por circuitos condensados, espantando a incômoda sensação de abandonar a aula no auge da malhação. "Criatividade e diversidade são as armas para driblar a concorrência. Quem não fizer isso vai ficar para trás", adverte o coordenador da Fórmula Academia, Marcelo Capi. Leia a seguir algumas aulas "feitas sob medida" oferecidas por academias de São Paulo.

Deficientes físicos
O Programa Mão na Roda, da Fórmula Academia, oferece aulas de natação, musculação e basquete para portadores de diferentes tipos de deficiência física e mental, com acompanhamento de professores especializados. As dependências das duas unidades da academia foram adaptadas com elevadores e barras de apoio. Os aparelhos de musculação podem ser utilizados por quem anda em cadeira de rodas, e, na piscina, um elevador coloca o aluno com problemas de locomoção dentro da água. "As aulas de natação têm me ajudado a aceitar meu próprio corpo e a fazer amigos", diz o técnico em eletrônica Aluizio de Melo, 29, que ficou com deficiência na perna esquerda por causa da poliomielite.

Corrida ao ar livre
Algumas academias estão resgatando o bom e velho hábito de correr em contato com a natureza, trocando esteiras e pistas internas por aulas em parques. "É menos monótono correr 18 km em ambiente aberto do que em esteira ou pista olímpica. Outra vantagem é que dá para criar um treino diferente a cada dia", explica Emerson Bizan, professor do Programa Reebok de Corrida. Tanto a Reebok Sports Club quanto a academia Runner promovem aulas durante a semana no parque Ibirapuera e aos sábados na USP. Os alunos são executivos, estudantes e donas-de-casa que querem gastar calorias de forma dinâmica e longe do ar-condicionado. "Dentro da academia, eu me sinto enlatado e não ouço o canto dos passarinhos", diz o engenheiro Pierre Rosa, 49.

Upper gym
É um circuito fragmentado voltado para pessoas que, de tão ocupadas, não conseguem tempo para malhar nem mesmo na hora do almoço.
"Tínhamos três aulas diferentes e de longa duração durante o almoço, mas grande parte dos alunos fazia apenas a metade, já que chegava atrasada ou saía antes do final por causa de compromissos profissionais. Muitos acabavam desistindo", conta Marcelo Capi, coordenador da Fórmula Academia. Para resolver o problema, aulas de alongamento, musculação e ginástica localizada foram condensadas em blocos de 30 minutos cada. "O aluno opta entre fazer só meia hora ou cumprir o circuito inteiro sem ficar com a sensação de aula incompleta."

Surfe na piscina
Quem quer aprender a surfar, mas mora longe do litoral, pode levar a prancha para uma piscina convencional. "É mais fácil aprender noções básicas na piscina porque a água é menos densa do que a do mar e não há ondas", diz o gerente da Bio Ritmo Academia, Rogério Soares. O aluno aprende a se equilibrar sobre a prancha e a "furar" a arrebentação com braçadas. Surfistas mais experientes também costumam se exercitar na piscina em busca de condicionamento físico. Uma vez por mês, a academia leva os alunos para surfar em praias do litoral paulista.

Circuito acrobático
É voltado para quem quer exercitar o corpo de forma lúdica, sem se transformar em astro do picadeiro. "Meu objetivo é trocar a monotonia de uma aula de musculação pelo desafio do trapézio", conta a assistente de marketing Daniela Cretella, 26. Apesar de contar com perna de pau e trapézio, o circuito não é uma autêntica aula de circo. "É um circuito adaptado para academia, em que só entram exercícios que promovam condicionamento físico, gasto calórico, alongamento, flexibilidade e equilíbrio", explica a professora da Fórmula Mariana Maia.


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