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Célia, uma dama de Copacabana
Aos 80 anos, a professora
aposentada Célia Duque
Costa dá sentido à expressão "cheia de vida". Ela
não pára quieta e divide
seu tempo entre cinco associações: de voluntariado
em hospitais a atividades
para idosos.
Os quatro quarteirões
que separam a praia de
Copacabana do prédio em
que mora há 30 anos são
percorridos por Célia de
"olhos fechados".
Ágil, ela caminha rápido
e aponta as armadilhas
que o cotidiano prepara
para os idosos, como as
tampas de ferro das concessionárias de serviços
públicos. "Solidão e tombo são as piores pragas para os velhos."
Folha - Você faz questão
de morar sozinha?
sou muito ligada à família,
tenho filhos, netos e bisnetos. Vou a todos os aniversários, viajo com frequência para Araruama (litoral
norte do Rio) e Petrópolis
(região serrana). Vou sozinha, numa boa, de ônibus. Mas gosto de ter a minha casa e as minhas atividades.
Folha - O que é mais complicado após os 65 anos?
Célia - A solidão deixa os
idosos deprimidos, infelizes. Veja o meu caso: minhas amigas de juventude
já morreram, meu marido
também. É por isso que eu
me inscrevi em vários grupos de terceira idade, para
ter atividades durante toda a semana e poder selecionar amigos, porque a
gente fica mais seletiva
com a idade. Quer saber
um truque bom para conhecer gente? Eu uso um
pingente no pescoço com
escorpião. Sempre rende
um bom início de papo.
As quedas são outro
problema sério. As calçadas têm tampas de ferro
de água, gás, telefone, o
diabo. O ar-condicionado
pinga em cima, elas ficam
escorregadias, é um perigo. E o trânsito é um horror, o que morre de velho
atropelado!
Folha - Viver em Copacabana melhora o astral?
Célia - Claro que sim, faz
toda a diferença. Aqui tem
remédio para o corpo porque tem sol, água, brisa da
praia. Tem remédio para a
mente porque a gente se
distrai vendo as vitrines,
encontrando amigos, fazendo um pouco de fofoca. Tem igrejas e templos
para todas as religiões,
tem apartamento pequeno, grande. Eu conheço
praticamente o mundo todo, mas não troco Copacabana por nada!
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