São Paulo, quinta-feira, 22 de fevereiro de 2001
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Célia, uma dama de Copacabana

Aos 80 anos, a professora aposentada Célia Duque Costa dá sentido à expressão "cheia de vida". Ela não pára quieta e divide seu tempo entre cinco associações: de voluntariado em hospitais a atividades para idosos.
Os quatro quarteirões que separam a praia de Copacabana do prédio em que mora há 30 anos são percorridos por Célia de "olhos fechados".
Ágil, ela caminha rápido e aponta as armadilhas que o cotidiano prepara para os idosos, como as tampas de ferro das concessionárias de serviços públicos. "Solidão e tombo são as piores pragas para os velhos."

Folha - Você faz questão de morar sozinha?
sou muito ligada à família, tenho filhos, netos e bisnetos. Vou a todos os aniversários, viajo com frequência para Araruama (litoral norte do Rio) e Petrópolis (região serrana). Vou sozinha, numa boa, de ônibus. Mas gosto de ter a minha casa e as minhas atividades.

Folha - O que é mais complicado após os 65 anos?
Célia - A solidão deixa os idosos deprimidos, infelizes. Veja o meu caso: minhas amigas de juventude já morreram, meu marido também. É por isso que eu me inscrevi em vários grupos de terceira idade, para ter atividades durante toda a semana e poder selecionar amigos, porque a gente fica mais seletiva com a idade. Quer saber um truque bom para conhecer gente? Eu uso um pingente no pescoço com escorpião. Sempre rende um bom início de papo.
As quedas são outro problema sério. As calçadas têm tampas de ferro de água, gás, telefone, o diabo. O ar-condicionado pinga em cima, elas ficam escorregadias, é um perigo. E o trânsito é um horror, o que morre de velho atropelado!

Folha - Viver em Copacabana melhora o astral?
Célia - Claro que sim, faz toda a diferença. Aqui tem remédio para o corpo porque tem sol, água, brisa da praia. Tem remédio para a mente porque a gente se distrai vendo as vitrines, encontrando amigos, fazendo um pouco de fofoca. Tem igrejas e templos para todas as religiões, tem apartamento pequeno, grande. Eu conheço praticamente o mundo todo, mas não troco Copacabana por nada!



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