São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 2000
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outras idéias
Ficar à frente, e não sob o domínio dos compromissos profissionais, é atitude prioritária na construção da qualidade de vida
Eu amo o que eu faço

MARCO AURÉLIO FERREIRA VIANNA

Entre as perguntas mais frequentes que me fazem ao final de minhas palestras e conferências, uma questão importante tem sobressaído: "É possível compatibilizar qualidade de vida com estes tempos loucos que estamos vivendo? Como ser feliz e competitivo ao mesmo tempo? Como dominar esse sentimento permanente de ansiedade e dúvida em relação ao futuro? Como seres humanos, estamos preparados para esta verdadeira era do caos que atravessamos?".
Antes e acima de tudo, gostaria de comentar que essa é uma situação de extrema complexidade, que exigirá uma resposta individual de grande maturidade comportamental e psicológica. E, principalmente, que deveremos puxar para nós mesmos a direção de nossa vida, assumindo com intensidade o movimento do "Sou responsável pelo meu próprio futuro".
De uma ótica pragmática, imagino pelo menos cinco atitudes que serão fundamentais para desatar o nó deste momento:
1) amor ao trabalho quanto mais o trabalho é feito com crença, comprometimento e paixão, mais suave ele fica. Trabalhar muito quando se têm prazer não é castigo, é prêmio. Por isso Confúcio alertava: "Coitado daquele que não gosta do que faz; só assim ele tem que trabalhar". Durante as mais de 400 entrevistas que fiz com líderes triunfadores, ouvi em unanimidade absoluta a declaração "Eu amo o que eu faço" como resposta à pergunta "O que explica o seu sucesso?";
2) auto-recompensa o pensamento "trabalhar para viver", e não "vivo para trabalhar", é de fundamental importância no caminho do equilíbrio da vida. O trabalho tem que ser entendido como uma ferramenta (apenas uma) de construção da nossa missão terrena. Ele não é fim em si mesmo; planejar e pensar nos seus benefícios vai aliviar a carga negativa dos paradigmas errados que trazemos de longa data na nossa cabeça. Das amizades geradas no ambiente profissional às viagens de negócios e ao aprendizado intrínseco, passando pelas recompensas financeiras e pela construção do projeto de vida material, tudo deve ser colocado no prato positivo da balança profissional;
3) disciplina ficar à frente, e não sob o domínio dos compromissos profissionais, é atitude prioritária na construção da qualidade de vida. Minha percepção tem indicado que o estresse está diretamente ligado à perda de controle da administração da própria vida. Ter as rédeas nas mãos é simplesmente indispensável para não transformar a atividade profissional em um fator de desgaste ao nosso equilíbrio físico e emocional;
4) atividades físicas a prática comprova que 15 minutos diários de meditação, com pausas para sessões de respiração, além de pelo menos cinco longas caminhadas semanais, geram a paz e a endorfina milagrosas para o processo constante e consciente de energização. Como nunca, a sabedoria da antiguidade ainda mantém o seu sentido maior do "mens sana in corpore sano";
5) pacto com a família leve a família para perto da empresa. Não deixe que esta se transforme para o cônjuge e para os filhos no dinossauro que rouba o papai e a mamãe do convívio familiar. Converse e dialogue sobre o papel mais nobre do trabalho; crie um ambiente favorável; demonstre que o trabalho pode e deve ser uma forma humanamente correta de levarmos adiante a nossa missão terrena.


MARCO AURÉLIO FERREIRA VIANNA é economista, conferencista e presidente do Instituto MVC - Estratégia e Humanismo



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