São Paulo, terça-feira, 23 de agosto de 2011
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MICHAEL KEPP - mkepp@terra.com.br

Um fetiche não fabricado


Uma mulher nua fica mais sexy numa camisa masculina folgada que em qualquer outro traje


Para mim, nada é tão sexy quanto uma mulher que acorda na cama de um homem e veste a camisa social dele como um pijama improvisado.
Diferentemente de uma calcinha comestível sabor morango ou de uma camisola preta e transparente com meias pretas 7/8 e cinta-liga, esse look não é construído para seduzir, não é um fetiche fabricado. É uma apropriação espontânea e lúdica, que revela uma intimidade despojada. A mulher toma posse não apenas de sua camisa, mas do seu estilo e do seu cheiro.
Para mim, uma mulher nua fica mais sexy numa camisa masculina folgada (e de mangas um pouco arregaçadas) que em qualquer outro traje. Se a camisa é comprida e larga, ela cai bem sobre corpos mais cheinhos e pode cobrir o que a mulher quiser esconder ou revelar (pelos botões abertos) o que ela quiser deixar à mostra.
Esse look começou a despertar minha libido na época em que a pílula e a revolução sexual dos anos 1960 e 1970 deixaram mais mulheres jovens livres para, no calor do momento, passarem a noite no apartamento do cara com quem saíam, incluindo o meu. Na manhã seguinte, elas se apropriavam de algo confortável para se cobrir.
O cinema refletiu esse visual. Nos primeiros filmes de James Bond (nos anos 1960), espiãs sedutoras vestiam as camisas brancas e grandonas do agente 007 na manhã, depois de uma noite de paixão.
Com o passar das décadas, as camisas foram ficando um pouco mais coloridas. Em "Um Lugar Chamado Notting Hill", de 1999, uma estrela de Hollywood (Julia Roberts) passa a noite no apartamento de um dono de livraria (Hugh Grant) e, na manhã seguinte, veste sua camisa solta, com listras azuis.
Alguns homens acham mais sensuais camisetas improvisadas. O que pode excitar um flamenguista na manhã seguinte talvez seja ela vestida no uniforme folgado de seu time do coração. Um remador pode se render ao ver a mulher usando uma camiseta regata.
Outros homens têm fetiches mais peculiares em matéria de moda feminina, como botas de couro de cano alto, algo que me intimida. Fabrício Carpinejar revelou o dele na crônica "É adorável uma mulher toda nua, ou quase, de meias brancas". O meu é mesmo uma mulher quase nua de camisa masculina folgada. É uma cinta-liga de quase corpo inteiro.

MICHAEL KEPP, jornalista americano radicado há 28 anos no Brasil, é autor do livro "Tropeços nos Trópicos -crônicas de um gringo brasileiro" (Record)

www.michaelkepp.com.br




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