São Paulo, quinta-feira, 23 de setembro de 2004
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a perfeição e eu

Vaidoso, advogado troca de carreira

O objetivo é ganhar o máximo de massa muscular possível. O exercício físico, o vício. O espelho, a maior motivação. A busca pelo corpo perfeito faz pessoas passarem horas e horas nas academias.
"Enquanto está me satisfazendo, vou crescer. Quando eu achar que está deixando de me fazer bem, acho que consigo parar, não sei." A frase é de Marcelo Tartarelli, 31, que não fica um dia sem fazer musculação. "É medo de deixar de crescer."
Ele começou a freqüentar academia aos 19 anos porque era "muito magrinho". Com 1,70 m, pesava 58 quilos. Hoje pesa 92, com 4% de gordura no corpo. Tartarelli se considera totalmente viciado.
Mas não é a sensação de bem-estar, causada pela liberação da endorfina, que vicia Tartarelli. Vice-campeão paulista de fisiculturismo, os seus principais estímulos são os elogios ou as exclamações de surpresa das pessoas. "Quando você treina, todo mundo fica te olhando e quer treinar com você."
Lesão? "Tomo remédio, passo pomada, ponho faixa elástica e vou treinar normalmente. Depois faço gelo, bolsa quente. Se procurar um médico, ele fala que você é louco. A começar pelo seu tamanho."
Tartarelli não acha que atingiu seu limite. Está aos poucos deixando a profissão de advogado para se tornar personal trainer e fisiculturista, aconselhado pelos colegas da academia. Ele diz ter gostado da idéia de vender a própria imagem: "É muito mais fácil".
O vício de Tartarelli, conhecido como vigorexia ou síndrome de Adônis, é caracterizado pela sensação de que nunca se está bonito como se poderia.
Semelhante à anorexia, em que o doente nunca acha que está magro o suficiente, a vigorexia faz a pessoa ficar obcecada pela dieta, comparar-se com outras pessoas e até usar complementos -como anabolizantes e vitaminas- para ganhar musculatura. Tudo para ficar perfeito.
"Com 90 quilos, forte, você ainda acha que não está bem e acaba perdendo o controle, a noção", confessa Tartarelli.


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