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São Paulo, quinta-feira, 24 de abril de 2003
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Responsabilidade individual e preocupação com o todo é mote da Willis Harman House

Instituto quer expandir a consciência humana

ANTONIO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

No número 328 da rua Lisboa, no bairro de Pinheiros, zona oeste de São Paulo, uma simpática casa de tijolos aparentes poderia muito bem passar por consultório médico, escola de música ou escritório de arquitetura. Mas os nomes estampados na placa inviabilizam qualquer aposta sobre o negócio praticado no seu interior.
Neste endereço funciona a Willis Harman House, que representa no Brasil três grupos internacionais: a World Business Academy (academia mundial de negócios), formada por empresários preocupados em discutir valores humanos dentro das corporações; o Institute of Noetic Sciences-Ions (instituto de ciências noéticas), que realiza e apóia pesquisas científicas sobre a natureza e o potencial da mente humana; e o Club of Budapest (clube de Budapeste), associação que reúne artistas, escritores e líderes espirituais do calibre do dalai-lama, do bispo sul-africano Desmond Tutu e do filósofo francês Edgard Morin, entre outros. A proposta da entidade é servir de ponto de encontro para reflexão e de referência e inspiração para todos que buscam contribuir de alguma forma no processo de transformação global visualizado por Willis Harman. Morto em 1997, o filósofo e cientista americano foi o grande inspirador da instituição brasileira que leva o seu nome. A Willis Harman House, fundada em 1998, reúne cerca de 1.400 pessoas, entre empresários, cientistas, filósofos, médicos, terapeutas, educadores e artistas. As atividades que realiza ou apóia vão de palestras, workshops e vivências a projetos levados a empresas e escolas e eventos realizados em universidades, entre outros locais. "Trabalhamos valores comuns, como responsabilidade individual, preocupação com o todo e transparência nas atitudes, entre outros, mas utilizando três linguagens diferentes. Com isso conseguimos chegar a um ponto de convergência, que é mostrar que somos responsáveis não só pelos nosso atos, mas pela consequência deles; o que fazemos sempre vai atingir o outro", explica Simone Ramounoulou, diretora-executiva da Willis.

Neurologia e oração
Um dos eventos importantes ocorridos recentemente foi a palestra ministrada pelo presidente do Ions, o administrador de empresas norte-americano Wink Franklin, em passagem pelo Brasil no começo de abril. Ele falou para neurologistas da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Além de esclarecer os preceitos do Ions, apresentou resultados de pesquisas sobre cura e oração. "Estamos começando as primeiras conversas sobre o que deve se transformar em uma parceria entre a neurologia da Unifesp e o Ions", diz Afonso Carlos Neves, médico da Unifesp que participa ativamente das atividades da Willis. O objetivo, segundo ele, é executar pesquisas conjuntas. "Nos EUA, eles estudam os vários níveis da consciência. Um exemplo são os trabalhos sobre paranormalidade, pouco realizados por aqui", diz o médico. Com o apoio da Willis, Neves também coordena o Projeto Labirinto, técnica que promove a interiorização pessoal e a reflexão sobre o significado de ser humano. A técnica consiste em levar as pessoas a fazerem uma espécie de meditação ao caminharem sobre um labirinto desenhado no chão. O projeto, que já está sendo executado há um ano e meio com funcionários do Hospital Geral de Pirajussara, no Taboão da Serra, zona sul da cidade, pretende agora atingir as empresas.

Engenheiras-ongueiras
Muitas vezes, as iniciativas realizadas na Willis rendem desdobramentos interessantes. É o caso da ONG Instituto Amora-Carambola, criada a partir dos encontros nomeados de Rede Neural, que ocorrem na Willis e são coordenados pelo portal universitário Neuronio.com.
Em toda primeira terça-feira de cada mês, cerca de 20 universitários ou recém-formados de áreas diversas -de psicologia a veterinária- discutem como descobrir a verdadeira essência individual, aquilo que de fato move internamente as pessoas para as suas realizações, e de que modo essa descoberta se reflete no meio empresarial. "É o que chamamos de espiritualidade no trabalho", diz o administrador de empresas Ademar Bueno, coordenador do projeto.
"Não dá para desenvolver a espiritualidade e deixar de lado o meu trabalho. Daí, a melhor ferramenta que encontrei foi utilizar a educação alimentar como elemento de transformação social", diz a estudante de engenharia de alimentos Natália Almeida Buchwitz, uma das fundadoras da ONG, que pretende ensinar a importância de uma alimentação adequada em escolas e comunidades carentes.
Algumas das atividades da Willis são gratuitas e abertas a todos os interessados. Outras são pagas -os membros não pagam ou têm desconto. A Willis também edita livros e textos relacionados aos princípios e propósitos da instituição.


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