|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SOLIDARIEDADE
Encontro de gerações
Projeto paulistano reúne crianças e idosos em atividades que estimulam o desenvolvimento cognitivo, físico e social
MARIANA VERSOLATO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
De um lado, crianças
que não convivem
com seus avós. Do
outro, pessoas que
moram em um residencial para
a terceira idade e pouco têm
contato com crianças.
Um projeto resolveu unir as
duas pontas e promover um encontro entre as duas gerações.
Quinzenalmente, cerca de dez
crianças de cinco a sete anos visitam os 56 idosos que moram
no Recanto Monte Alegre, no
Butantã, em São Paulo.
No projeto Vovó-Criança,
que existe desde 2002, eles se
encontram por algumas horas
para desenvolver atividades
que visam estimular o desenvolvimento cognitivo, físico e
social dos dois grupos etários.
Juntos, eles desenham, pintam e fazem colagens. Dividem
lápis de cor e a mesma folha de
sulfite num trabalho colaborativo, no qual o traço de um
completa o do outro.
A troca de experiências é o
principal objetivo. "A convivência favorece a coordenação
motora dos idosos e resgata sua
autoestima ao passar a experiência adiante", diz Roberta
Rolim Credidio, terapeuta ocupacional do residencial.
É o caso de Ruth de Siqueira
Gonçalves, 98. Professora aposentada, ela diz ter uma satisfação de "200%" ao ver o progresso das crianças. "Eu tento passar conhecimento, mas elas já
são muito inteligentes. A gente
não sabia tanto na idade delas",
conta, ao mesmo tempo em que
ajuda os pequenos a escrever os
próprios nomes.
A maior parte das crianças
que participam do projeto vem
de classes sociais mais baixas, é
de regiões de alta vulnerabilidade social e não tem uma estrutura familiar sólida.
"Esse encontro é uma oportunidade para as crianças
preencherem a lacuna de seus
próprios avós, que, na maioria
das vezes, não estão por perto",
afirma Nancy Coutinho, coordenadora-geral dos centros.
No final, pedagogas respondem às dúvidas que surgiram
do encontro. "As crianças têm
várias perguntas, como: "Por
que eles estão na cadeira de rodas?". O contato as ajuda a entender os idosos e a respeitar as
diferenças", diz Coutinho.
[...]
Eu tento passar conhecimento, mas elas já são muito inteligentes
RUTH LACERDA
professora aposentada
Texto Anterior: Correio Próximo Texto: Entrevista: Luto invisível Índice
|