São Paulo, quinta-feira, 25 de março de 2010
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SOLIDARIEDADE

Encontro de gerações

Projeto paulistano reúne crianças e idosos em atividades que estimulam o desenvolvimento cognitivo, físico e social

MARIANA VERSOLATO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

De um lado, crianças que não convivem com seus avós. Do outro, pessoas que moram em um residencial para a terceira idade e pouco têm contato com crianças.
Um projeto resolveu unir as duas pontas e promover um encontro entre as duas gerações. Quinzenalmente, cerca de dez crianças de cinco a sete anos visitam os 56 idosos que moram no Recanto Monte Alegre, no Butantã, em São Paulo.
No projeto Vovó-Criança, que existe desde 2002, eles se encontram por algumas horas para desenvolver atividades que visam estimular o desenvolvimento cognitivo, físico e social dos dois grupos etários.
Juntos, eles desenham, pintam e fazem colagens. Dividem lápis de cor e a mesma folha de sulfite num trabalho colaborativo, no qual o traço de um completa o do outro.
A troca de experiências é o principal objetivo. "A convivência favorece a coordenação motora dos idosos e resgata sua autoestima ao passar a experiência adiante", diz Roberta Rolim Credidio, terapeuta ocupacional do residencial.
É o caso de Ruth de Siqueira Gonçalves, 98. Professora aposentada, ela diz ter uma satisfação de "200%" ao ver o progresso das crianças. "Eu tento passar conhecimento, mas elas já são muito inteligentes. A gente não sabia tanto na idade delas", conta, ao mesmo tempo em que ajuda os pequenos a escrever os próprios nomes.
A maior parte das crianças que participam do projeto vem de classes sociais mais baixas, é de regiões de alta vulnerabilidade social e não tem uma estrutura familiar sólida.
"Esse encontro é uma oportunidade para as crianças preencherem a lacuna de seus próprios avós, que, na maioria das vezes, não estão por perto", afirma Nancy Coutinho, coordenadora-geral dos centros.
No final, pedagogas respondem às dúvidas que surgiram do encontro. "As crianças têm várias perguntas, como: "Por que eles estão na cadeira de rodas?". O contato as ajuda a entender os idosos e a respeitar as diferenças", diz Coutinho.

[...]
Eu tento passar conhecimento, mas elas já são muito inteligentes

RUTH LACERDA
professora aposentada



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