|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Pessoas com mais de 60 anos formam um grupo heterogêneo e apresentam um grau de dependência inferior ao que se imagina
Pesquisa derruba mitos sobre idosos no Brasil
Brendan Fitterer/Associated Press
|
Uma postura positiva em relação ao envelhecimento se traduz em melhor qualidade de vida |
LILIANA FRAZÃO
EDITORA-ASSISTENTE DO EQUILÍBRIO
Hoje, eles já somam mais de 15 milhões
de brasileiros, o que corresponde a
9% da população do país e, contrariando
velhos preconceitos, não estão presos a
uma cama nem "dando trabalho" para os
outros. A grande maioria das pessoas com mais de 60 anos, ao contrário do que
muitos acreditam, são capazes de cuidar
de si mesmas. Quase 30% moram sozinhas ou apenas com o marido ou a mulher da mesma faixa etária, e somente
3,7% queixam-se de incapacidades funcionais significativas.
Esse foi um dos resultados reveladores
obtidos pela maior pesquisa sobre a terceira idade já realizada no Brasil, que está
sendo apresentada hoje, em São Paulo.
Para elaborar o Panorama da Maturidade, foram entrevistadas 1.800 pessoas
com 60 anos ou mais em nove regiões
metropolitanas (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém) e
nas cidades de Brasília e Goiânia.
"Nós sabemos que a população mundial e do Brasil está envelhecendo, mas
não conhecemos quem são essas pessoas", afirma o sociólogo Paulo Cidade,
gerente de atendimento e planejamento
do instituto de pesquisa Indicator, responsável pelo estudo, feito em parceria
com a ONG Centro Internacional de Informação para o Envelhecimento (Cies).
Entre as descobertas da pesquisa, está a
constatação de que esse grupo não é homogêneo. "Não há o idoso, mas os idosos", afirma Cidade. Embora haja características e necessidades em comum, a
atitude em relação ao envelhecimento é
que faz a diferença.
A pesquisa identificou oito grupos. Em
um extremo, estão os pessimistas e dependentes, que somam 19,2% dos idosos.
"Eles têm uma postura mais negativa
diante da vida", diz o sociólogo. Na outra
ponta da escala, estão os extrovertidos
(15,2%) e os realizados (13,1%), ambos
otimistas em relação à vida. Há ainda
quatro grupos intermediários, que reconhecem que essa fase da vida exige adaptações e lidam melhor ou pior com o fato.
A pesquisa derruba outros estereótipos. Um deles é a idéia de que os idosos
gostam de encontrar-se com "seus
iguais", frequentando grupos ou programas especiais para a terceira idade. Na
prática, isso não se confirma: apenas 8%
dos entrevistados afirmaram fazer isso
pelo menos uma vez por mês. Entre os
demais, a frequência é ainda menor.
Engana-se também quem acredita que,
por ter mais tempo livre, os idosos dedicam-se a atividades voluntárias. Sete em
cada dez entrevistados não participam de
ações sociais nem querem se envolver
com voluntariado.
Se o comportamento pode surpreender, as necessidades são mais previsíveis.
Mais de 70% usam medicamentos regularmente, e os problemas de saúde
-principalmente as doenças crônicas,
como diabetes e hipertensão- são algumas de suas principais preocupações.
"Os idosos também querem respeito e
um tratamento digno e menos preconceituoso", afirma Cidade.
"Envelhecer ainda possui uma conotação negativa na nossa sociedade", afirma
a geriatra Andrea Prates, diretora do
Cies. Segundo ela, é necessário disseminar o conceito de envelhecimento ativo.
"O envelhecimento deve ser visto como
um processo natural, inserido no curso
da vida, que é resultado de atitudes, hábitos e experiências vividas antes."
Texto Anterior: poucas e boas: Ginástica chinesa beneficia praticantes Próximo Texto: Capa 25.09 Índice
|