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A bebida possui ação digestiva e diurética, mas os benefícios para a estética e o rejuvenescimento não foram comprovados
Chá verde faz bem para a saúde, mas não faz milagre
LAURA DINIZ
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Primeiro, foram os "sushis", os "sashimis" e os temperos à base de
"shoyu". Agora é a vez do igualmente oriental chá verde se popularizar no Brasil. Mais que o sabor bem amargo, o que tem seduzido os
brasileiros são as qualidades medicinais atribuídas a essa bebida, consumida avidamente por japoneses e chineses há centenas de anos.
Pegando carona no aumento do interesse e do consumo, até a indústria de
cosméticos resolveu transformar o
chá verde em ingrediente.
Antes restrito às lojas de produtos
naturais, o chá verde já é facilmente
encontrado nos supermercados -ao
natural e até em versões com sabor,
como pêssego, laranja e menta. Preferido dos chineses, o chá verde tem a
mesma origem do seu vizinho de prateleira, o chá preto. Os dois e também
o "ban chá", consumido mais pelos
japoneses, são produzidos a partir da
planta Camellia sinensis.
É a preparação das folhas para o
consumo que os diferencia, explica o
médico Mauro Perini, professor do
curso de pós-graduação em medicina chinesa da Unifesp (Universidade
Federal de São Paulo). Folhas obtidas
na primeira fase da desidratação dão
origem ao chá verde. O "ban chá" é
feito com folhas que passam por
duas etapas de desidratação. Já o chá
preto é resultado de folhas totalmente ressecadas e aquecidas em forno.
De acordo com Perini, quanto mais
desidratada é a folha, mais forte é o
sabor da bebida. A propriedade principal dos três chás, explica ele, é a
mesma: melhorar a digestão, equilibrando as funções estomacais. "A
maioria dos orientais toma o chá verde antes das refeições, preparando o
organismo para receber os alimentos", diz o médico.
Como especialista em medicina
chinesa, Perini orienta seus pacientes
a adotarem o mesmo hábito, ingerindo uma xícara de chá verde antes do
almoço -a principal refeição do dia
para os orientais.
Essa quantidade, segundo o médico, é suficiente para que o chá surta o
efeito desejado. Exagerar, como sempre, não é uma boa opção, especialmente se a pessoa tiver problemas estomacais.
"Como o chá verde tem muita cafeína, eu peço a meus pacientes que têm
gastrite que evitem tomá-lo", afirma
o médico Hong Jin Pai, do Centro de
Dor do Hospital das Clínicas (SP).
Pessoas que sofrem de úlcera e esofagite de refluxo também devem passar
longe da bebida, segundo o gastroenterologista Luis Cláudio Alfaia, da Beneficência Portuguesa, em São Paulo.
A nutricionista Joselaine Stürmer,
autora do livro "Comida: um Santo
Remédio" (ed. Vozes), dá a receita
para evitar a concentração de cafeína
na bebida: uma colher de sopa, rasa,
de folhas para cada litro de água. As
folhas devem permanecer em infusão
por dois a três minutos, e o chá deve
ser consumido quente ou em temperatura ambiente, sem açúcar nem
adoçante. Segundo ela, o chá perde
grande parte de suas propriedades ao
ser adoçado ou refrigerado.
Em seu livro, a nutricionista incluiu
o chá verde na lista dos dez alimentos
mais importantes na dieta diária e sugere beber de duas a quatro xícaras
por dia. Ela afirma que, por conter
substâncias antioxidantes chamadas
polifenóis, a bebida é excelente para
"limpar" o fígado, órgão que filtra as
toxinas ingeridas na alimentação. "O
chá verde também ajuda em processos de emagrecimento, porque é um
pouco mais diurético que os outros",
diz.
Para driblar o gosto amargo da bebida, Stürmer sugere bebê-la com canela ou algumas gotas de limão. Trocar a preparação convencional por
cápsulas de chá verde não é uma boa
opção, diz Perini. Segundo o médico,
muitas cápsulas não são feitas com o
extrato da planta -que é purificado- e podem estar contaminadas
com fungos.
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