São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 2011
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MINHA HISTÓRIA

Tive alta!

Como nos filmes e nas piadas, na vida também é raro um analista liberar o cliente, mas acontece

(...) Depoimento a
JULIANA CUNHA
DE SÃO PAULO

A advogada Daniela Magalhães, 34, fez análise por quatro anos, o que, segundo entende, a ajudou a engravidar, como era seu desejo.

 


"Quando o ginecologista me mandou procurar um psicanalista, me senti até ofendida: nunca me considerei desequilibrada. Eu tinha endometriose e tumores no fígado. A perspectiva era que o tratamento do fígado piorasse a endometriose. Recém-casada, queria ter filho. Não era possível por conta da doença.
Comecei a fazer análise aos 27 anos, com um lacaniano. Por quatro anos, fui duas vezes por semana. Não foi fácil: é complicado conviver com quem faz análise, muita mudança profunda o tempo todo. Pessoas próximas me diziam que era desperdício de dinheiro. As pessoas têm essa ideia de que terapia pode ser qualquer coisa: lavar uma louça, passear com amigos. Então, para que pagar caro e sofrer?
Eu ficava constrangida na sala de espera. Pensei em parar a terapia várias vezes. Após um ano, conseguimos controlar a endometriose. Quando voltei a tentar engravidar, logo consegui. Meu organismo tem predisposição para o problema, mas minha endometriose era psicossomática.
Como eu não tinha mecanismos para lidar com os problemas, eu adoecia. Hoje, tenho duas filhas. Os nódulos do fígado deixaram de crescer, não apresento mais sintomas de endometriose. Graças aos tratamentos médicos que fiz, incluindo a terapia.
Não tenho dúvida de que a análise me ajudou a engravidar, melhorou minha relação com as pessoas e me fez suportar um longo repouso na minha primeira gravidez. A análise desautorizou o meu sofrimento e me fez responsável pela minha vida, minha dor. Tirei a muleta. Um dia, meu analista disse que já não via necessidade de nos encontrarmos toda semana. Nunca pensei em alta, então abro mão dela quando preciso, marco sessões pontuais. A verdadeira liberdade é que posso voltar de vez em quando."


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