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Mudança de escola
Nesta época do ano
ocorre um movimento migratório de
alunos entre as escolas privadas. Tal fato se deve ao
anseio desesperado dos alunos
-principalmente dos que cursam os últimos anos do ensino
fundamental ou o ensino médio- ou à análise pelos pais da
vida escolar dos filhos. Não vamos considerar as "expulsões
brancas", ou seja, o pedido das
escolas para que os pais transfiram determinados alunos.
Quando são os filhos a solicitar a troca, os argumentos são
decisivos para que os pais aceitem a proposta: dificuldades de
relacionamento com os colegas, com os professores e até
com algumas disciplinas, vontade de acompanhar os amigos
ou melhores possibilidades de
aproveitamento escolar.
Quando são os pais que determinam a mudança, o que almejam é o êxito escolar -que
pode significar a busca por uma
escola mais exigente ou a possibilidade de o filho ser aprovado.
Será que essa mudança pode
ser benéfica aos alunos?
A primeira situação que quero levantar diz respeito à atuação das escolas. Muitas chamam os pais e, de modo direto
ou indireto, apontam a possibilidade de o aluno ser reprovado
-ou retido, como preferem dizer agora- no final do ano.
Essa atitude é um contra-senso. As escolas ignoram que
apenas meio trajeto foi percorrido e que, portanto, há outro
tanto a ser trabalhado neste
ano letivo. Quando não vêem
possibilidades de melhoria é
porque não pretendem fazer
nada pelos alunos que não conseguiram render e não têm esperança no próprio trabalho.
Algumas escolas esperam fazer com que os pais se sintam
pressionados e façam algo para
que os filhos estudem mais.
Mas isso pode ter o efeito oposto: os pais podem realmente
pressionar o filho, mas de forma negativa. Sei de casos de
pais que forçaram os filhos a estudar nas férias e tiraram a viagem planejada. Ora, sabemos
que isso não contribui para
uma visão positiva da relação
com a escola, não é?
Quando uma escola afirma,
no meio do período, que o aluno tem poucas chances de
aprender caso não mude radicalmente, ela já traçou seu destino. Uma pena tal atitude:
mostra que as escolas procuram trabalhar com determinado perfil de aluno -aquele que
não precisa tanto do trabalho
da escola para se desenvolver.
E quando são os alunos que
pedem para mudar? Se o motivo é alguma dificuldade, de relacionamento ou de aprendizagem, os pais devem encorajar o
filho a encarar os problemas.
Nenhum obstáculo da vida escolar é insuperável, e os alunos
precisam aprender a agir quando se defrontam com eles.
Finalmente, se os pais decidiram pela mudança porque perderam a confiança na escola, o
melhor é mesmo realizar a
transferência. Sem confiança,
os pais não conseguem delegar
à escola a educação do filho.
Mudar de escola no meio do
período letivo não é problema
para o aluno: com o apoio firme
da nova escola, ele pode construir rapidamente novas relações e se adaptar à instituição.
O que pode ser problema são os
motivos que levam à mudança.
Por isso, os pais precisam analisar com cuidado a situação a
fim de tomarem a decisão que
seja mais favorável ao crescimento do filho -e não a que
proporcione facilidades a ele.
ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como
Educar Meu Filho?" (ed. Publifolha)
roselysayao@folhasp.com.br
blogdaroselysayao.blog.uol.com.br
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